domingo, 27 de dezembro de 2009

Balanço geral

Faz tempo que não posto aqui! Meu blog ficou jogado às traças nesses últimos tempos de mudanças. Fazendo um balanço geral, os últimos posts não foram relacionados ao Japão e às descobertas culturais que eu fiz aqui. Tantas mudanças na vida da gente, provações, testes de maturidade, resistência e aprendizados inestimáveis fizeram parte dos meus últimos dias aqui.

Finalmente, em janeiro eu retorno ao Brasil, com um coração cheio de saudade dessa terra cheia de maluquices e coisas legais, mas principalmente dos amigos que fiz aqui. É incrível, faça chuva ou faça sol, hostil, pedregulhoso ou inóspito que seja o ambiente, eu sempre consigo mais amigos para sempre. Agradeço aos que se tornaram meus amigos, pela disposição do coração.

Volto para casa com o coração cheio também de expectativas, medos e predisposição a um choque cultural reverso, que "tashika ni" vai acontecer, mas então vou voltar ao Brasil como um intercambista vai para um país diferente, novamente, pisando miúdo, e (re)aprendendo as coisas.

Entretanto, o pensamento sobre o futuro, acadêmico ou profissional, é muito positivo, porque estou muito satisfeito com o upgrade no meu currículo. De qualquer forma, ainda tenho pensar bem no que quero e vou fazer da vida, para ter os objetivos mais focados e concentrar melhor as forças, não dependendo só de um acaso forçado que pode me encaminhar para uma determinada direção.

A vida da gente é dividida em vários setores: família, amigos, amores, trabalho, estudo, hobbies, e outros mais que você queira separar.

Balanço individual dos setores (conforme este momento):

- Família: Apóia-me em quaisquer momentos. Apoiou-me em todas as decisões que fiz, aconselhou-me, sofreu comigo, ficou alegre comigo. Contrariou-se um pouco à minha mudança brusca de ambiente saindo do Brasil e vindo para o Japão, mas eu acho que reconheceu que aqui eu aprendi muito. E acostumou-se com a minha distância, talvez um marco nas nossas vidas.

- Amigos: A maioria dos amigos brasileiros não esqueceu de mim, ficou com saudade. Outros, como somos mais distantes, lembra de mim com carinho e eu deles, mas o contato permaneceu distante. Alguns me esperam com carinho, outros simplesmente ficarão contentes com minha presença. E não importa como, são todos meus amigos. Uns para cada tipo de diversão juntos, uns para cada tipo de confidências, de ajudas, de companhias. Os amigos do Japão estarão no coração sempre, e as marcas deixadas de um noutro serão indeléveis.

- Amores: Descobri que um amor pode atravessar montanhas, mares, viajar 20 mil quilômetros, e permanecer latente, nos pensamentos, desde a hora de acordar até a hora de dormir, sendo associado aos lugares que a gente passa, aos lugares que a gente se imagina estando junto. O amor à distância é muito empolgador, mas muito dolorido e muito sensível. A frase "Quem ama, cuida" torna-se o máxime para ambos os lados, e se ela não for estritamente respeitada, um lado pode enfraquecer e arrebentar, deixando todo o peso do sofrimento para o outro. Aprendi também que fidelidade absoluta não se converte em reciprocidade, não importa o quanto o amor seja bradado aos ventos. Descobri que tenho muito ainda a descobrir sobre os reais pensamentos e sentimentos das pessoas que se interessam em mim, e acho que vai ter cada dia mais, até morrer.

- Trabalho: O trabalho é o que sustenta o ser humano materialmente, mas também emocionalmente. Ser útil é muito importante, desenvolver-se nessa utilidade é mais ainda. O reconhecimento de um bom trabalho deve existir sempre, assim como feedbacks negativos na hora de uma falha, para ajudar a melhorar. Para mim, o trabalho continua não indo para frente se as relações humanas não vão bem, mas é preciso flexibilizar-se a ponto de não baixar rendimento nas marés baixas. Deve-se fazer o que gosta, mas no mínimo gostar do que se faz. A empresa que eu trabalhava pregava os valores: comprometimento, excelência, inovação, integridade, respeito e espírito de vitória. Essas palavras resumem bem o que o trabalho deve significar na vida de uma pessoa, sem mais explicações.

- Estudo: O estudo enriquece o ser humano sem limites. A autodidaxia é privilégio de poucos. Mas ele deve ser bem administrado, para não se tornar sofrimento, estresse, doença. Ele deve ser focado em objetivos concretos, mas também existir em forma de distração, sobre assuntos de interesse próprio apenas. Estudar muito não significa fazer sucesso na vida. É preciso ter jogo de cintura, inteligência emocional, adaptabilidade, ao usar os frutos do estudo e assim fazer sucesso na vida.

- Hobbies: eles mudam, variam conforme o ambiente e a fase que você está na vida. Alguns permanecem, alguns surgem, outros desaparecem e recomeçam ou não. Eles enriquecem, porque alimentam o coração, deixam-no também mais feliz e pronto para as outras atividades. Deve-se sempre ter um hobby, ou dois, ou centenas. Isso ajuda a derrubar barreiras e a levar cruzes.

Além de tudo isso, sinto que muitas oportunidades podem desaparecer da mão em questão de segundos, então elas devem ser aproveitadas na hora que aparecem. "É mais provável arrepender-se do que não se fez" torna-se outro máxime que vou levar para frente.

Saindo do Brasil, aprendi a valorizá-lo mais, a admirar coisas pequenas do meu dia-a-dia que me fazem falta aqui, a ter orgulho do meu País e das coisas boas que ele tem a oferecer. O Brasil é sim, o melhor país do mundo. Pena que faltam ainda alguns ajustes.

Mas é isso, falei demais!

Talvez um dos últimos posts da Terra do Sol Nascente.

Falow!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Nostalgia - Recortes

Eu sempre fui um menino agitado, hiperativo e muito comunicativo. Timidez esteve sempre longe de mim. Porém, minha mãe, sempre superprotetora e com seu primeiro filho, não facilitava para que eu saísse para a rua brincar. A redondeza também, não favorecia, geograficamente... assim, eu me tornei o que em Ponta Grossa a gente chama de "piá de prédio".

Com muita energia acumulada, tinha que descarregar em alguma coisa. O meu ladrão sempre foi a caneta. Em diversas superfícies, eu, que odiava lápis, punha minha imaginação para funcionar das mais diversas formas. Tudo o que se formava de imagem na minha cabeça estava em alguns segundos impresso em algum papel, livro, ou mesmo na parede. Minha mãe facilitava tanto, que quando ela via, eu já tinha desenhado na parede, escrito "campainha" sob o interruptor do corredor, tinha passado o formato de um transferidor na parede do quarto, e etc. Na altura da minha cabeça, a parede da minha casa chegou a um ponto em que parecia muro pichado. Mas tudo com caneta fina, caneta bic. Os meus pais faziam de tudo para evitar mas era difícil de conseguir.

isso aconteceu, até que um dia eu cresci um pouquinho, e com um resquício de consciência, comecei a me esforçar para tirar da parede com uma esponjinha e detergente o máximo de manchas que eu pudesse. Depois disso, não risquei mais a parede.

Com 7 anos, eu adorava fuçar os livros do meu Vô, e encontrei um livro super antigo, década de 1950, chamado Enciclopédia Universal Herder, em espanhol.  Lembro que o vô contou que comprou esse livro na época que um vendedor de livros daqueles chatos foi lá no banco em que ele trabalhava como gerente para vendê-lo. Meu Vô sempre teve o costume de ajudar muito as pessoas na medida do possível, e isso também incluía comprar coisas para ajudar.

Pois bem, nesse livro nada me parecia interessante, porque as letras eram super pequenas, e tudo em espanhol da Espanha, eu não entendia nada. Mas um dia, folheando o livro, eu encontrei uma tabelinha bem simples, com o alfabeto russo. Ou melhor, o alfabeto cirílico. E eu pensei: "Que legal!!!"...

Passei a copiar as letrinhas, e creio que em um ou dois dias, eu aprendi o alfabeto russo! Claro que não de forma totalmente correta, mas eu, com mania de louco, comecei a escrever um monte de coisas em russo, começando pelo meu nome. Eu nunca mais esqueci o alfabeto russo. Mas simplesmente, depois disso, eu não tive muito mais interesse.

Falando nisso, eu costumo não ter interesse e persistir em coisas que eu não aprenda instantaneamente ou não tenha um benefício muito grande pela frente. Essa autodidaxia que parece bonita é muitas vezes um grande defeito meu.

Passaram-se 17 anos (!), e eu, com 24 anos, no Japão, resolvi fazer curso de língua na universidade.
O primeiro propósito foi o seguinte: eu, sufocado com o sistema japonês, e pessoas me olhando de forma desconfiada, resolvi tomar aulas de idiomas que a universidade oferece. São simplesmente matérias de 90 minutos por semana e no sistema mais primitivo de todos, sem muitos recursos visuais, algo bem simples mesmo. Eu ia fazer francês ou alemão, só para ter uma base, pois não se aprende muito com tão pouca aula. Mas os horários não bateram, e eu escolhi italiano e RUSSO...

Sendo o professor um cara da Rússia, supus ser mais efetivo aprender com ele, e também me deixava feliz o fato de acreditar que ele seria uma pessoa amigável e não estúpida ou seca como as pessoas que eu venho encontrando todo dia no âmbito acadêmico puramente japonês.

Na primeira aula de russo, foi pura nostalgia... lembrei do dia que estava sentado na mesa de jantar da casa da Vó aprendendo o alfabeto russo. Eu ainda não aprendi quase nada de russo, e nem sei se vou aprender, mas uma coisa eu garanto: me dá, tipo, um minutinho, e eu leio pra você a frase em russo que você me trouxer, com o mínimo possível de erros. E, acredite ou não, parte da minha felicidade se forma a partir desses caquinhos de sabedoria!

Até mais!

Persistência ou teimosia?

Max Gehringer, em um dos seus artigos sobre carreira, arremata um conto sobre a história de um cavaleiro com o seguinte trecho: "Tentar é bom, persistir é ótimo, e cair do cavalo de vez em quando é normal, faz parte do aprendizado. Mas sempre há um ponto, depois de algumas tentativas mal-sucedidas, em que é preciso parar, pensar, colocar as idéias em ordem e, quem sabe, tentar outra alternativa. É exatamente nesse ponto que começa a diferença, que muita gente ainda não consegue perceber, entre a saudável persistência e a pura teimosia."

Só isso nesse post! Sem inspiração para isso! hehehe.... falow!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

New post. Amigos!

Olá, leitores eventuais!

Bem, povo, vou falar sobre amigos.

"Você, meu amigo de fé, meu irmão camarada..." (Roberto Carlos) - não, muito ridículo...
"Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração..." (Milton Nascimento) - não, muito triste...

Bem, vocês entenderam.

Aqui no Japão, eu consegui uma coisa que tenho em vários lugares, de várias maneiras, vários estilos.

Aqueles amigos de 5 minutos por semana ou por mès e aqueles que praticamente vivem grudados com a gente. Todos os amigos, cada um tem sua característica, sua influência na vida da gente. Assim como em todos os lugares que passo, restam os amigos. E restam não só no lugar passado, mas na vida e no coração da gente.

Tem aquele amigo que está sempre disponível a contar uma piada, sabe que vai animar a gente.

Outros amigos nos preocupam com nossos problemas, ou simplesmente observam como a gente está e tentam fazer algo para ajudar se tudo não estiver OK.

Dentre esses que nos fazem algo para ajudar, tem aqueles que, sem dizer palavra, nos puxam pra fazer alguma coisa e distrair, espairecer, como simplesmente andar um pouquinho de bicicleta, e tem outros que ligam inesperadamente para conversar e tentar dar algum conselho. Tem, ainda, aqueles que não falam nada, e esperam a gente pedir ajuda. Quando a gente pede ajuda, estão à disposição.

Coisa interessante dos amigos é que, muitas vezes, eles não concordam ou se preocupam com certas formas da gente viver ou fazer as coisas. Mesmo assim, eles dão bronquinhas (tapinhas na testa), e toleram de forma bastante amigável.

Por exemplo, alguns amigos não se conformam com o fato de eu tomar um monte de coca-cola (mesmo que zero) por dia... e ficam o tempo todo falando que estão preocupados, que vai me fazer mal, fazem piada com a minha cara, mas o interessante é que essas conversas sempre são assunto de mesa e sempre rendem boas risadas.

Alguém pode até pensar que desse jeito os amigos não ajudam, simplesmente sustentam a imprudência da gente, mas eu acho que ajudam, sim, porque no fim eu sempre hesito sobre os conselhos, mesmo no chuveiro, ou ainda no metrô ou andando de bike.

Outros amigos, aqueles que a gente não encontra sempre, mas quando encontra, sempre têm um assunto interessante para contar, ou algo muito intelectual para filosofar, esses amigos também fazem muito bem, pois nos fazem navegar pela vida, pelo mundo, nos fazem aprender com eles. Dentre essas conversas existem aquelas que ficam chatas e maçantes, não? Mas ainda assim, um pouquinho de jogo de cintura, e essa chatice some como fumaça no ar.

Voltando aos amigos das piadas, eles nos fazem girar a imaginação, mas para o lado do humor, o lado da sacanagem, rendendo gargalhadas até mesmo sozinho no meu quarto do dormitório quando lembro da situação.

Outros amigos, mais distantes, que só cumprimentamos no meio da correria, esses também deixam lembranças boas, porque cada um tem seu estilo de cumprimentar, um estilo de sorriso, abraço ou tapa nas costas, uma piadinha rápida ou um jargão... Esses também nos arrancam sorrisos e comentários...

Voltando àqueles que se preocupam conosco (que texto zig-zag! Nota zero em aula de redação)... esses gastam seu tempo pensando na gente, obtêm um carinho muito grande pela gente, e eu tenho igualmente um carinho muito grande com eles. São aqueles que quando eu estou muito feliz, ou quero contar alguma coisa interessante, eu lembro... ou são aqueles que quando eu entro em desespero eu quero ligar, nem que seja só para ouvir a voz ou perguntar como está passando. É um alívio tão grande!

Com esses também saímos na maior tranquilidade, temos intimidade, nos divertimos e estamos juntos nos momentos tristes e alegres. Conseguimos mudar de conversa sem mesmo perceber, um assunto puxa o outro e isso nos faz acabar inclusive com a bateria do telefone, quando distantes.

Há ainda aqueles amigos que a gente faz voltando da escola, eu fiz amigos simplesmente porque tínhamos o mesmo caminho para voltar da escola ou da aula de chinês, e um dia cada um acaba traçando seu caminho, mas as lembranças dos bate-papos que vão se tornando cada vez mais interessantes, e das bobagens faladas, ou simplesmente da alegria em estar acompanhado naquele momento. Esses amigos nem sempre a gente encontra mais, mas ficam as lembranças, e contatos esporádicos mantêm a amizade.

Porque, como diz o outro: amizade não tem distância, os verdadeiros amigos estão conosco nos momentos tristes e alegres... e como eu digo, mesmo aqueles que não são os completos amigos, esses também têm sua importância.

Bem... hoje só foi uma reunião confusa de recortes de pensamento!
Talvez ininteligível... mas do coração!

Obrigado a todos os meus amigos, por existirem!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A importância de se fazer o que gosta

Olá pessoal! Primeiro post de novembro, e eu vou falar minhas reflexões.

A importância de se fazer o que gosta é fundamental.

Sempre quando estamos fazendo algo, temos que avaliar a importância de estarmos fazendo aquilo, principalmente quando são coisas importantes na vida da gente, como um emprego, uma faculdade, um projeto bastante grande.

É importante pensar em longo prazo sobre os impactos positivos e negativos do que fazemos. Um grande amigo, que é muito bom na profissão dele, sempre me disse que quando está trabalhando, ele sempre mantém uma economia, suficiente para sustentá-lo por alguns meses, para que o dia que ele fique de saco cheio, do chefe, ou do trabalho, ele tenha a liberdade de dar um chute na bunda de quem quer que seja e procurar uma outra ocupação, que lhe mantenha feliz.

É claro que o caso desse amigo não se pode aplicar a todos. Ele ainda é solteiro, ele é muito bom naquilo que faz, então ele se pode dar ao luxo de correr esse risco. Mas muitas vezes eu fico pensando nisso, e enquanto eu puder, eu quero ser igual a ele. Eu admiro muito as pessoas bem-resolvidas. Seja como for, uma decisão como essa não é fácil, nem na teoria nem na prática.

Muitas vezes o julgamento das pessoas em volta, baseado no próprio senso comum, abomina possíveis escolhas que as pessoas fazem, quando pretendem fazer algo que parece loucura, abrir mão de um grande negócio ou projeto na vida, por exemplo.  E isso, aos olhos de muitos, parece absurdo quase sempre. Só quem está no centro da situação pode saber o que se passa, e as grandes decisões têm que ser bem pensadas.

O que que isso tem a ver com o fazer o que se gosta? É que muitas vezes, escolhas importantes são feitas para se fazer o que gosta. Um colega de filatelia optou por abrir mão da carreira no Banco do Brasil, de um cargo de gerente, para abrir sua filatélica virtual. Além de ele enxergar de forma inovadora uma oportunidade de negócio, ele passou a fazer algo que ama. Hoje ele fica louco com a movimentação da loja virtual e das viagens para exposições, além disso ele edita um informativo semanal fantástico sobre filatelia na internet. E quando eu encontro ele nas exposições, e quando eu leio os trabalhos dele, eu consigo ver o brilho nos olhos dele, a gana com que ele faz aquilo. Foi arriscado? Foi bastante, mas ele está muito bem. E eu acho que o grande combustível nesse caso é fazer o que se gosta.

Ademais, às vezes a gente não tem culpa de estar fazendo o que não gosta! Às vezes a gente inicia um projeto de vida com a melhor das boas intenções, e não é aquilo no final. Ou chega um ponto em que não vale a pena o prêmio pelo preço, ainda que seja um prêmio admirado. Eu ainda acredito que, de certa forma, "querer é poder", mas no "querer" também está envolvido o "gostar". Existe a decepção, o engano, a frustração. É preciso ter em mente constantemente as prioridades de vida para não se sofrer à toa, para que quando se necessite fazer algo drástico, não se titubeie ou não se erre por falta de cuidado no julgamento. Ou para que simplesmente não haja arrependimento. Afinal, a vida é curta e é uma só, e fazer valer a pena é o lema recomendado.

domingo, 25 de outubro de 2009

Nostalgias - APZ

Em 20 de julho de 1997, eu fundei, com a ajuda do meu irmão Eduardo (6 anos na época – e eu 12), a Associação Pykyrykana de Zerósia - APZ. Eu nunca tive uma definição nem idéia exata de o que é a Zerósia. Mas se hoje alguém me perguntasse, diria que é uma filosofia que prega a filantropia e promove o conhecimento de vários temas com cursos muito interessantes.

Eu pegava a máquina de escrever do Pai ou do Vô e batia o jornalzinho da Associação. Nele, eu promovia os novos cursos de Zerósia (a filosofia, regida por signos como Ptébana e Ierévana), além dos cursos dos idiomas falados no 2º Universo (meu universo imaginário)... línguas mortas e atuais. Mortas, como o pykyrykano (a origem de tudo, que eu inventei quando tinha 6 anos mais ou menos), assim como o turco raphaelesco e o árabe raphaelesco júnior, línguas ainda utilizadas nesses países.

O Eduardo se divertia por ter um cargo importante na Associação, mas eu, como péssimo líder que sou, não sabia imputar as devidas tarefas a ele, que só ficava do meu lado no quartinho da empregada brincando com os bonequinhos dele, enquanto eu imaginava como seria uma sala de aula cheia, do curso de árabe raphaelesco júnior (Áriji). E se eu reclamasse, a gente quebrava o pau e eu ainda apanhava dele, às vezes. E ele ia chorando lá pro quarto dele e batia a porta.

A APZ existe até hoje, e é atualmente administrada pelo meu primeiro-ministro de Pykyryky Delawery (meu país imaginário), Alf Dydo de Souza Prestes, com a preciosa ajuda da sua esposa Barbariza de Souza Prestes. Eles têm prestado um serviço precioso a toda a comunidade do 2º. Universo. O Alf Dydo é uma espécie de meu braço direito, quando eu estou muito ocupado com o mundo real, ele assume tudo lá para mim. Lá eu sou o soberano, não sou Deus, acima de mim existe Jesus e Deus, mas eu sou uma espécie de monarca vitalício, uma mistura de Kim Jong-Il com Aiatolá Khomeini, mas com o charme do Rei da Espanha (Por qué no te callas???).


 

Olá! Tentando postar direto do Word

Pessoal! Estou usando o Word para postar direito no Blog. Vou ver se esse mecanismo funciona ou é mais um mecanismo mequetrefe que está cheio de erros!

Hoje é domingo à noite, estou no meu computador tentando transformar em palavras e papel escrito o conhecimento que tenho que transmitir no próximo seminário. Mas não é questão de preguiça, é questão de ignorância mesmo. Eu caí de paraquedas num tema que eu não tenho conhecimento ne-nhum, e estou tendo o tipo de orientação "mais do que isso eu não vou falar pra você, senão fica muito fácil". E na hora de apresentar o seminário, eu tenho o tipo de avaliação "se eu quiser, eu entro na internet e vejo tudo isso que você apresentou, não preciso ver seu seminário".

De quebra, com os problemas ocorridos, eu fiquei com o rótulo de "o que não sabe o que é trabalho em equipe", e aqui no Japão, o assessment psicológico que eu fiz quando trabalhava em SC, que deu que minha aptidão mais forte era justamente "trabalho em equipe", virou espuma.

Sobre isso, ainda, a opinião da psicóloga no laudo foi que "Raphael é um material moldável, se tiver um líder próximo e atento".

Hoje eu já não sei mais o que é líder. Eu não sei mais onde termina a responsabilidade de um orientador de mestrado e onde começa a minha. Ou vice-versa. Eu não sei mais o que é trabalho em equipe, não sei mais o que é motivação, não sei mais o que é liderança. Tudo o que eu recebi a minha vida inteira de motivação eu aprendi aqui que é mimo. Que está errado subir na vida com a força dos outros. Que reconhecer que não sabe alguma coisa é uma vergonha. É tudo ao contrário dos meus princípios, ou eu com a cabeça virada desse jeito perdi a noção até de entender o que é o quê, afinal.

Dizem que essas fases turbulentas passam, e depois vem a calmaria. E que esse registro se torne história, e que essa história não tenha um término igual a ela, cheio de ressentimentos...

以上です。

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

De vez em quando a gente aparece!

É isso aí, pessoal, de vez em quando a gente ressurge das cinzas!

Hoje a cabeça deste autista hiperativo que vos fala está com pensamentos diversos. A última coisa que eu tenho sempre pensado é a pesquisa. Tá faltando gana e saco para essa fase inicial da pesquisa nova que estou inserido, o que é o tiro mais importante, mas quando você precisa fazer uma pesquisa de um assunto que você não conhece e nem sabe se gosta, com dificuldades de ser esclarecido e sem a mínima motivação, as coisas realmente ficam difíceis. Ou eu tomo tenência e viro homem duma vez ou esse negócio não anda pra frente! ... hehehe

É das primeiras vezes na minha vida que me pesa a responsabilidade, mas também me pesa a fraqueza de espírito (já viu fraqueza pesar? pesa muito sim, quem carrega é que é fracp), de estar nessa fase da minha vida dividido de forma bem definida. Eu cheguei num ponto em que estou naqueles conflitos cabeça-coração (geralmente são amorosos). Se dependesse só do meu coração, eu já tinha tomado uma decisão mais drástica de seguir minha vida rumo à felicidade, ou ao caminho que eu acho que ma vá trazer. Contudo, minha cabeça sabe que eu sou um ser de responsabilidade e devo completar as fases e os desafios que me são impostos. Porém, assim como o âmbito da minha pesquisa atual, que é encontrar o limiar da ocorrência efetiva de self-assembly em sistemas de partículas coloidais variando sua distribuição de tamanho, eu estou procurando o limiar entre o que pensa minha cabeça e meu coração.

Meu coração olha tudo isso e pensa... não é pra mim, isso já deu o que tinha de dar, a experiência obtida até aqui já é grandiosa... e a minha cabeça rechaça dizendo... mas se você não passar por isso diante de certas dificuldades, imagine só quando surgirem desafios maiores pela vida afora! Vai fugir sempre? Vai alegar sempre que tem que buscar a felicidade? Vai ficar se frustrando a cada passo?...

A condição de contorno que venho pensando em usar como critério de tomada de decisão para minha vida aqui é a saúde física e principalmente mental. Aqui no Japão, mesmo não tendo entrado em depressão, pessoas do meu tipo geralmente recebem "amostras grátis", o que não é incomum, e nesses momentos a gente passa a pensar que realmente depressão não é só uma coisa que acontece com pessoas que aparentemente têm tendência a isso, e sim, ocorre com ricos, pobres, gente privilegiada com experiências diversas ou não.

Ao mesmo tempo que o meu cérebro está com a mesma eficiência de uma massa corrida para pensar em química, e ciência, como nunca ocorreu, ele tem trabalhado muito, elucubrando em assuntos alheios, pensando de formas diversas e tentando montar um quebra-cabeças em relação às mudanças que tive aqui e como resolver os problemas advindos disso. Eu passo meios-dias formulando teorias, eu acordo e durmo tentando entender até que ponto é efeito do choque cultural ou até que ponto eu fiquei burro mesmo, até que ponto foi benéfica a criação que eu tive, e onde é que estou pagando meus pecados... milhões de teorias saem, e eu poderia escrever um livro sobre isso. Nunca pensei tanto na minha vida sobre mim mesmo!

E é também uma forma interessante de mostrar como sou prolixo, eu acabo provando do meu próprio veneno, o mesmo veneno que eu deixo aqui nesses posts cheios de atavios. Verborragia pura! hehehehe

Bem, depois dessa descrição vaga das atuais inquietações que me afligem, vou aproveitar o mesmo post e mudar completamente de assunto.

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Você já ouviu falar do "zeugma"?

Zeugma é uma figura de linguagem, não sei a classificação dela, mas já vou ver ali... ah!!! é uma figura simplesmente de estilo.

O zeugma está presente nas nossas vidas muito mais do que a gente pensa. Na hora de escrever e falar, principalmente. Pouco destaque é dado ao zeugma. A gente aprende muito sobre pleonasmo, hipérbole, prosopopéia, mas pouco sobre zeugma, anacoluto, epizeuxe. enálage...

Um exemplo de zeugma:

"João foi à padaria, e eu, à escola."

Consegue perceber o zeugma? Isso mesmo, o zeguma é constituído pela omissão do verbo que seria repetido por outro sujeito em uma ação já descrita. Eu poderia ter escrito: "João foi à padaria, e eu FUI à escola.", mas para quê?, se FUI já está subentendido?

A isso damos o nome de zeugma. E eu repito insistentemente que é para você, leitor que deve ter cansado e nem chegado até aqui, não esqueça. Sabe o que aconteceu comigo? Toda vez que eu ouço ou leio uma frase com zeugma, eu lembro. "É zeugma", penso, e identifico em silêncio.

Esse exemplo acima é apenas um estilo de zeugma. Existe a omissão de outros tipos de palavras, desde que seu sentido já haja sido expresso anteriormente na oração. Ou seja, o zeugma é um tiplo de elipse. Não confunda com silepse, que é outra "fofura" da Última Flor do Lácio e eu discuto outro dia.

Quem me dera ter esse potencial de uso e recuperação de informação para minha pesquisa, assim como eu tenho para cultura inútil!

O negócio é amar. Eu amo a língua portuguesa e a sua dificuldade, seus mistérios. E prepare-se a mulher que vai se casar comigo, porque vou reaprender e ensinar a nossos filhos, lá por 8 anos de idade, a fazer a análise sintática do Hino Nacional. Que sonho! Chegarem na sala de aula e saberem mais do que a professora.

O problema é, depois de revelar este post, eu vou conseguir casar? hauhauhauhau

Raphael se despede aqui, após um breve surto.

Abraços!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Aparecendo ocasionalmente!

Olá pessoal!


Hoje... finalmente, depois de ter passado um monte de apresentações no laboratório, e sofridas... deu um tempo e vontade de escrever aqui. 


Ah! Novidade em primeira mão, OBAMA ganhou o prêmio Nobel da Paz, há 60 minutos! Parabéns pra ele! A razão foi que ele tem se esforçado muito pela diplomacia internacional e pelo desarmamento nuclear. Acho um grande exemplo. O prêmio é um voto de confiança nas atitudes dele, principalmente nas atitudes em relação à paz no Oriente Médio. O dia de hoje vai ficar na história. E o presidente Obama é um exemplo de homem jovem, que já tem sido muito importante para o mundo. Finalmente os EUA parece terem escolhido um cara decente para ser seu representante. 


Em tempo: tô me entupindo de chocolate Milka com avelãs, de uma barra de 400 gramas comprada no aeroporto de Dubai. Obrigado, Kaoru, por trazer minha encomenda!


Depois eu reclamo que fico gordo... e não sei por quê.


O Japão tá me deixando louco. Mas então não vamos falar do Japão hoje. Podem rir, mas eu li o último livro da Danuza Leão, "Fazendo as malas", em três dias indo e voltando de metrô da faculdade. Posso lhes dizer que o livro é um festival de absurdos para a realidade de qualquer brasileiro classe média, mas você fica com fome - e muita - ao ler o livro. Resumidamente, ela descreve suas viagens para Sevilha, Lisboa, Paris e Roma. Principalmente Paris ela descreve com tanto carinho, que você se sente viajando na companhia dela, e comendo com ela nos diversos cafés, bares, bistrôs e restaurantes mais luxuosos. E também passando nas milhões de lojas de grife que ela descreve no livro como se fosse loja de 1,99.


Portugal, meu Deus do céu, ela fala tanto dos restaurantes que eu tive que mudar a posição de Portugal no meu ranking de circuitos gastronômicos no futuro, quando eu for rico (Peru é o primeiro país desse ranking). Portugal está em segundo lugar, e Espanha em terceiro (já aproveitando a viagem, por que não conhecer toda a Península Ibérica?)...


Falando em Espanha, quanto a Sevilha ela descreve muito a festa chamada Feria, e também os deliciosos tapas, e os costumes espanhóis de almoçar e jantar tarde. E em Roma, ela descreve a bagunça que a cidade é, e as características escalfobéticas dos romanos (que por sinal não se chamam de italianos, e sim de romanos mesmo).


Vale a pena ler o livro da Danuza se você for para alguma dessas cidades. Mesmo que você não vá em todos os lugares indicados, vale a pena escolher um ou dois para conhecer e tornar refeições parte de seus lembranças inesquecíveis. Existe uma lista bem legal com os nomes e endereços dos lugares citados no final do livro.


Agora minha segunda leitura de metrô está sendo "O Médico Doente", do Dráuzio Varella. Eu adoro a forma como o Dráuzio trabalha com as palavras. Ele conta nesse livro toda a história e seus aprendizados de quando recentemente teve sua febre amarela depois de uma viagem à Amazônia. Ele, como médico, pôde viver intensamente a situação de paciente, e até chegar perto da morte, o que, perdoem-me, é um baita privilégio e uma baita realização profissional, não? Poder enxergar os dois lados da moeda tornou-o, creio, um médico muito próximo do médico completo. E o "Estação Carandiru", ainda que mais antigo, está me esperando na prateleira para quando acabar esse livro!


Bem... hoje a conversa foi literária!
Feriadão pela frente, aí no Brasil e aqui no Japão! (12 de outubro = feriado, dia da Ed. Física, se não me engano). Aproveitemos!



Falow!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Postando pra não caducar

Queridos leitores eventuais!

Estou postando depois de um bom tempo haver postado, assistindo Bom Dia Brasil às 7 da noite. Interessante!

O dia aqui já acabou mas na terrinha está apenas começando! Estamos no meio de um feriadão aqui no Japão chamado "Silver Week", que começou no sábado e acabará amanhã, quarta. Só sei que segunda era o dia do Idoso, e os outros dias têm outros significados, não me pergunte porque estou com preguiça de olhar o calendário...

Meu amigo Ramires está voltando de uma passada de três semanas no Brasil (que inveja dele!), e está trazendo a tradicional caixa de encomendas minhas para Mamãe. Combinamos assim, quando um vai para o Brasil, reserva uma parte do espaço na bagagem para levar e trazer encomendas para o amigo. O fato de morarmos na mesma cidade e sermos amigos de longa data é realmente uma coisa muito boa!

Quando eu for ao Brasil, mais provável passar o mês de março, assim o farei novamente.
É interessante isso, porque esta distância entre Brasil e Japão nos desfavorece nesses aspectos. Estes dias eu mandei uma caixa para casa de 12 quilos de bugigangas para livrar espaço aqui, e até porque eu vou ter que mandar coisas aos poucos... de navio ainda, vai demorar 2 meses para chegar e me custou a bagatela de 6950 ienes (mais ou menos 140, 150 reais). Se fosse de avião custaria 450 reais.

Uma coisa interessante é que os correios brasileiros parece não estarem mais enviando encomendas no modo "econômico" por navio, e sim por avião também, o que reduziu drasticamente o tempo de entrega, mas por outro lado, o custo do envio de encomenda, mesmo sendo nesse modo "econômico", é muito alto em relação à nossa renda aí.

De resto, depois do feriado recomeça o batente, e apesar dos entrementes a intenção é seguir em frente. Vamos indo!

Até a próxima!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Diretamente da Batcaverna

Olá pessoal!

Posto aqui novamente direto da batcaverna! Eu estou aqui na minha cabanininha praticamente sem sair há quase três dias, depois disso não poderei reclamar de não ter descansado, pois tenho dormido e não feito nada o suficiente. É claro que dei umas saídas para comer, fazer umas comprinhas, encontrar algumas "pessoinhas especiais", etc., mas em geral nesses últimos dias me reservei a não fazer muito agito mesmo!

"Por quê, Rapha?"
Avião que nos vai levar à Tailândia

Dentro de uma semana estarei em pleno agito, na minha viagem à Tailândia, com uma mulher hiperativa e animadíssima (Marilú) e outra muito engraçada mas mais centrada (Helen), o que vai gerar um desgaste bastante grande! Hoje já recebi a boa notícia de que deram o visto à Helen, e não lhe cobraram nada! Ela é guatemalteca, e sabe Deus por que razão, Guatemala não consta na lista dos países que não necessitam de visto para entrar na Tailândia (Peru e Brasil constam).

Decerto, porque Guatemala é um país pequeno e pouco conhecido aqui no oriente, o mesmo motivo que nos fez ficar quase uma hora na agência de correios em Busan (Coréia do Sul) tentando explicar para a moça que não sabia inglês onde se localizava a Guatemala, para ela selar corretamente o cartão postal da Helen para casa. huahuaha

A moça do correio simplesmente não sabia o que era e onde ficava Guatemala... e uma vez um amigo brasleiro me contou que aqui no Japão, numa importante agência de correios aqui em Nagoya, a moça também não encontrava o Brasil na lista de tarifas... e depois meu amigo percebeu que isso ocorreu porque ela procurava o nome do Brasil na relação dos países da África... huahauhauhaua...esses dias uma toupeira também me perguntou... "Mas onde mesmo que fica o Brasil?".. dai eu respondi.. "Na América do Sul"... e ela.. "Aaaaaahhhh!"...vá pra pqp!

Mudando de assunto, uma grande dica para vocês, queridos leitores do meu blog (o que deve se resumir a mim e a mais umas 2 pessoas)...

Vocês conhecem aquele vídeo "Filtro Solar"? Há alguns aninhos ele fez o maior sucesso, porque é um clipe lindo, com imagens lindas, que traz muitas dicas interessantes sobre a vida. Até mesmo, quando eu comecei a trabalhar na Embraco em SC, no nosso primeiro dia de integração dos novos funcionários, foi passado esse clipe como ferramenta motivadora, e eu nunca esqueci.

Pois bem, ontem, dia 26 de agosto, o Rafinha Bastos, comediante de primeira, lançou a sua paródia, sua versão desse vídeo, chamado "Enfie o filtro solar no rabo". Com a típico jeitão de falar dele e da maioria dos seus conterrâneos gaúchos, ele dá um banho. Vale a pena ver!

LINK PARA "ENFIE O FILTRO SOLAR NO RABO"

LINK PARA "FILTRO SOLAR" (O ORIGINAL)

E como post, eu encerro este aqui para que não fique muito longo! Se tiver mais coisas a escrever depois, eu faço outro post!

Falow!

domingo, 23 de agosto de 2009

Meus Senseis da JICA


Que alegria foi ontem ir a Yokohama e encontrar meus professores da JICA que viveram no Brasil enquanto eu estava na Eescola de Japonês! E a presença do meu amigo Ramires ainda deixou mais especial tudo, pois passamos juntos por aquele tempo, de maneira muito parecida, conquistamos coisas parecidas, estamos em situações parecidas até hoje!

O professor Oohashi esteve cuidando da gente entre 2002 e 2004, e o professor Niihara estava entre 2004 e 2006. Eles vinham sempre de Curitiba a Ponta Grossa para cuidar da Escola, ver como tudo estava andando, e dar aulas realmente especiais pros tops da escola naquele tempo, em termos de nível de proficiência, o Ramires e eu, junto com as orientações da Yoshiko Sensei.

Ontem fomos a um ótimo restaurante em Yokohama e depois fizemos um tour pela cidade, andamos de barco até o porto, depois um ônibus que circula pontos importantes da cidade. Mas o melhor de tudo foi terminar tudo com um café no Starbucks relembrando os tempos do Brasil e conversando sobre diversos assuntos, contando histórias, recebendo dicas e também dando dicas! O Oohashi sensei sempre muito divertido, falante, e o Niihara sensei mais quietão, lembra muito o meu vô o jeito dele de olhar pra gente... ambos já devem estar com mais de setenta anos, mas bastante vívidos, exemplos de japoneses saudáveis e que se dispuseram mesmo na terceira idade a morar do outro lado do mundo para aprender e ensinar!

Na verdade eu gosto muito dos japoneses idosos, eles são queridos, simpáticos, muitas vezes conversam com a gente e nos cuidam. Uma das maiores vantagens desse povo são os idosos, por isso eu acho que o Japão deve ficar cada vez mais velho, porque eu não gosto de muitos jovens japoneses da minha idade, são todos americanizados, com gostos e comportamentos bizarros e na sua maioria muito mal educados. Muitas vezes são gentes superficiais, que não conservam os costumes e a linguagem correta mas se fazem de inteligentes, quando na verdade não sabem nem por onde galinha mija...

Bem, um misto de alegria com os idosos e revolta com os jovens (liberdade de expressão). A foto acima é do momento do passeio de barco! Mais um momento a guardar pra sempre!

Falow!

Vem a bolsa e eu me animo

Talvez uma teoria explique eu fazer um post no meu blog só uma vez por mês e sempre no final... a bolsa vem e eu me animo!

Agora tô riquinho novamente? Não não, tenho que pagar umas continhas no Brasil e o resto que fica pago minhas contas e gasto na viagem à Tailândia que vai ser daqui uma semana e meia. Mas de qualquer forma, sou privilegiado mesmo com essa bolsa, não? Jamais no Brasil, com uma bolsa de mestrado, eu poderia estar tão serelepe. Por isso eu tenho que dar graças a Deus e fazer jus enquanto estou aqui. Depois sabe lá o que vai acontecer.

Penso em abrir um espetinho ou um hambúrguer de um real em alguma esquina de Ponta Grossa enquanto estiver procurando um emprego melhor. O problema é o perigo, eu morro de medo de ser assaltado e tudo está cada vez mais perigoso. Mas eu sim, tenho mesmo, um empreendimento na minha cabeça. Não sei ainda como vou fazer minha vida, só sei que vai ser algo muito legal o meu futuro. Ao menos assim pretendo!

Minhas férias foram realmente raphaelescas. Quero dizer, ninguém me contrariando, me enchendo o saco ou me deixando psicologicamente abalado. Pelo menos aqui no Japão. Já no Brasil a história é outra, volto à época das decepções amorosas e por isso acho que minha vida tá tomando um rumo normal... porque quando é diferente realmente é estranho.

De qualquer forma, na média, o mês de agosto foi um mês em que eu conheci o Japão, descobri meu espírito aventureiro, chamei a atenção de meninas e até de gays (ai meu Deus do céu), fiz novos amigos e aprofundei amizades, comi comidas muito gostosas e diferentes, senti olores horríveis e outros maravilhosos. Foram férias dignas de um viajante pelo mundo, privilegiado e sortudo como eu.

O que mais quero é um dia poder proporcionar o mesmo, ou uma parte disso, aos meus pais, ao meu irmão e aos meus descendentes, para verem coisas que eu vi, porque eu acho que e mais merecido a eles do que a mim mesmo. Por isso o plano após as férias é economizar pra trazer alguém da minha família pra cá passear comigo, de forma que minhas últimas férias de verão sejam mais especiais ainda. Ademais, eles merecem mesmo, porque tiveram que me agüentar e aos meus problemas intrínsecos, que são ampliados em uma pessoa hiperativa como eu... hehehe

É isso, não quero verborragia hoje!

Falow!

domingo, 26 de julho de 2009

Agora é um só post por mês, pelo jeito!

Como sempre, meus leitores, um post por mês só, e em breve este blog mingua... ou míngua? Nunca tinha conjugado o verbo minguar desse jeito, nem sei se posso...

De qualquer forma, é como se um doente terminal estivesse anunciando aos amigos que o visitam que em breve não teriam mais o que visitar. Que horror!

A partir de agosto, terei férias. Queria muito voltar passear no Brasil, mas como fui em março, não deu tempo de juntar dinheiro suficiente, e mesmo que tivesse juntado ia acabar por não conhecer nada aqui... tem motivos especiais que me fazem querer ir sempre pra lá! Mas um dia eu ainda vou ter a liberdade e o dinheiro pra não ficar reclamando no blog sobre minhas idas ou não idas. hehehe

Então, pra estas férias, em agosto e uma parte de setembro, estou com umas viagenzinhas programadas aqui na região e pretendo conhecer até um pouco fora do Japão. Espero que tudo corra bem, e logo eu tenha novidades, das quais uma ínfima parte eu possa colocar aqui!

No post de hoje não vou comentar nada específico sobre o Japão. Acredito que se esse blog continuar, vai virar um misto de pensamentos e curiosidades, que incluem o Japão, é claro, mas vai assumir o sentido do título. Rapha in Japan, o Rapha meio maluco que em sua localidade, Japan, pensa sobre os mais variados assuntos, desde a análise sintática do Hino Nacional até novidades da música albanesa disponível grátis na net para download.

É isso, pessoal! Mestrado em Nagoya, etapa 1 de 4 (quase) concluída.

Aniversariantes queridos de 27 de julho...
Um abraço grande pro Leonardo, grande amigo e companheiro da facul, hoje grande, literalmente, grande mesmo! engenheiro cerâmico! heheh
Um abração pro meu primo Moacyr, que tá mais longe ainda que minha família, estudando medicina em Porto Alegre... se ele virar psiquiatra será muito conveniente para mim, hahaha...
E um beijão pra minha amiga peruana Marilú, que também faz aniversário e hoje mesmo retorna ao Peru para passar um mês com a família.

Abraços!!


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Quase um mês de abandono!


Pessoal!

Dessa vez eu deixei a rédea soltar mesmo! O mês de junho foi muito pesadinho, um seminário que eu tinha me arrancou o resto dos cabelos durante mais de metade do mês, e agora as coisas acalmaram, mas daqui uns 3 a 4 dias eu já volto a ficar louco de novo!

Eu devia fazer posts mais curtos. Para as pessoas terem paciência de ler.

Hoje, então, vai ser sobre a foto acima.

PARTIDO DA REALIZAÇÃO DA FELICIDADE
THE HAPPINESS REALIZATION PARTY
KOUFUKU JITSUGEN TOU

Pelo amor de Deus! A política no Japão já chegou a esse ponto. Uma mulher com uma cara tipo "Monalisa", que você não sabe se tá triste ou alegre, tem como lema a eliminação dos impostos e o impedimento dos mísseis!

Sabe, não faço nem ideia do que esse tipo de partido faz, que tipo de eleição que acontece aqui, mas sei que não é prefeito nem nada. Sei que acho o cúmulo o nome do partido. Em contrapartida, é até possível acreditar que um partido político aqui no Japão possa interceder pela felicidade das pessoas em algum aspecto.

Imagine no Brasil! Como seria o nome do partido?
Bem, qualquer coisa bonita que fosse seria uma mentira!

De qualquer forma, eu achei o nome desse partido muito ridículo e cafona. Mas levando em conta o que a gente encontra por aqui, não é nada escalafobético não...

Abraços!

domingo, 31 de maio de 2009

Os Kanjis

Último post do mês de maio!

漢字の素晴らしさ

Não tenho muito pontual pra comentar hoje, mas eu tava pensando no quanto os KANJIS na língua japonesa acabam sendo fundamentais.

Para quem não sabe, os Kanjis são os ideogramas de uso corrente no japonês, que vieram do chinês (letras que representam ideias). São usados em conjuntos com o hiragana e o katakana, que são, grosso modo, os "alfabetos silábicos" de fonogramas (letras que representam sons de sílabas) do japonês. Basicamente, esses três conjuntos de caracteres coexistem na língua corrente, cada um com uma finalidade. No mandarim, em contrapartida, só se usam os ideogramas, e não os silabários.

O japonês é uma língua que pode chegar a ter 20 palavras de pronúncia exatamente igual. Se isso fosse escrito apenas com fonogramas, como os nossos homógrafos, por exemplo, seria impraticável distinguir os 20 ou mais diferentes significados.
Então, nesse caso, o que diferencia esses homófonos são os kanjis.
Às vezes o diferença dos significados é muito sutil, às vezes é gritante. E só os kanjis, que são como fotos do significado das palavras, para resolver isso.

O problema é que é muito kanji! É muito trabalhoso para um estrangeiro saber usar os kanjis, compreendê-los completamente, o que é muito difícil de encontrar. Atualmente se usam mais de 2000 kanjis de forma corrente no Japão, e espera-se que com essa quantidade se possa ler um jornal ou revista tranquilamente, mas ainda assim às vezes não é 100% possível sem a ajuda de um dicionário.

Os kanjis estão na moda no Brasil, com significados bonitinhos e positivistas, em adesivos, tatuagens, camisetas... Aqui, o japonês, ao saber disso, acha no mínimo estranho, e às vezes engraçado, beirando ao ridículo. Ora, é o mesmo que soubessem que em algum país do mundo estão tatuando palavras em português só porque é legal!

Lembrei-me agora do fato de que muitos idiotas tatuam palavras erradas ou mal-escritas no corpo... é o cúmulo da burrice você fazer uma tatuagem sem antes checar se aquilo tem mesmo o significado que você deseja. Vítima disso chegou a ser o Rodrigo Santoro na novela Mulheres Apaixonadas. Ele queria tatuar "Liberdade" no bração musculoso dele, e acabou, devido a alguma procura infeliz no dicionário, da parte de algum assistente leviano, tatuando "grátis", decerto porque em inglês "livre" e "grátis" se diz "free". Por muitos capítulos o coitado apareceu malhando a Paloma Duarte com a tatuagem no braço, e o povo brasileiro adorando.

Voltando ao início da conversa, de que os kanjis são fundamentais, todo mundo que chega aqui como intercambista tem como maior barreira no japonês justamente os kanjis. Mas depois que passa aquela fase assustadora, dá pra perceber como que é interessante e rica a língua graças à existência dessas milhares de letrinhas. Com uma letrinha você pode escrever muitas palavras, muitos sobrenomes, direções e coisas que precisaria, em línguas ocidentais, de no mínimo umas 5 letras para representar. Sem falar na arte que os kanjis representam, dando base à caligrafia, à simbologia e com toda a história que eles trazem.

Mas meu Vô ainda tem razão. A gente tem uma língua riquíssima com apenas 23-26 letras... pra que que japonês precisa de tanta pra fazer a mesma coisa????

Falow!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ler

Olá pessoal!! Agora demorei quase quase 15 dias para atualizar o blog. Daqui a pouco será só um post por mês...

Hoje vou falar sobre como os japoneses leem. Falando nisso, o acento de "lêem" também caiu, né? Essa reforma da língua portuguesa, banalização da ignorância, sobe-me o sangue.

Onde você anda, você vê japoneses com livros. Em uma loja de conveniència, os famosos "konbinis", tem a seção de revistas e aqueles livrinhos baratos, tipo "Quem mexeu no meu queijo", "Como se comportar no mundo dos negócios" (título esse inventado por mim), e também tem os mangás (quadrinhos japoneses), com e sem meninas mostrando o biquíni (o que corresponde a uma Playboy aqui). Quando há movimento na loja, você vê aquelas pessoas folheando esses materiais, muitas vezes, lendo-os descaradamente, sem comprar.

No metrô ou em qualquer transporte público, pode-se dizer que no mínimo cerca de 30% das pessoas está com algum material de leitura à mão. Ou um romance, ou um jornal, ou aquele estudante de uniforme está com o caderno ou o livro didático dando uma revisada na matéria. 

Eu, de cara assim, não tenho nenhum dado, mas eu acredito que o mercado editorial japonês é uma indústria da fortuna. Existem aqueles livrinhos de bolso chamados "bunko", que são lançados aos montes por diversas editoras todos os dias, tanto livros escritos por muitos autores japoneses, como obras antigas ou obras estrangeiras. Aquilo custa barato, a partir de 4 dólares até 10 dólares, e são comprados pelos japoneses como o brasileiro compra aquele suquinho Tampico quando ele passa no posto de gasolina.

Muitas coisas viram livros no Japão. Livros de estudo para testes de proficiência, concursos públicos, etc., são lançados aos montes e comprados avidamente por quem está por fazer essas provas. Alguns são acompanhados até por um pedaço de plástico vermelho, que ajuda a esconder as respostas dos problemas enquanto se está resolvendo. Depois você tira o plástico da resposta que está escrita em vermelho e esta aparece, sem você precisar indo lá na última página ou virando o livro de ponta-cabeça para saber se está certo o que você resolveu.

Mesmo com o advento da internet, com celulares que só falta fazerem café, Ipods com softwares de leitura e notebooks de todos os tamanhos, é fascinante ver um japonesinho de 12 anos lendo um livrinho que simplesmente lhe é de interesse, enquanto vai ou volta da escola. Não é à toa que nesse ponto e em muitos outros, a educação e o próprio costume japonês trazem coisas muito positivas, e que aqui o analfabetismo é quase nulo.

Voltando a falar sobre o preço dos livros, quando eu lembro do Brasil - sim, o caso específico do meu País - dá vontade de chorar. Primeiramente, lembremo-nos que o Japão é um país de primeiro mundo: então, comparando com nós brasileiros, normalmente o salário deles é, haja crise ou não, um salário bom. Pensemos também que 100 ienes equivalem a cerca de um dólar. Pois bem, os livros fabricados no Japão, por mais bonitos e de bom material que sejam, livros técnicos ou livros de arte, dificilmente ultrapassam os cem dólares. Eles vão ultrapassar os cem dólares em alguns casos, é claro, mas é mais provável que isso aconteça devido à capa dura e ao tamanho do livro do que devido aos impostos do governo.

Os livros técnicos e importados, em inglês, que tem em algumas boas livrarias, dificilmente ficam mais caros do que nos Estados Unidos ou na Amazon.com. Eu comprei um livro editado pela Oxford, que é usado pelo meu laboratório, de nível altíssimo, e considerado caríssimo pelos japoneses. Custou 70 dólares. Na Amazon.com dos EUA ele está custando 63 dóalres.

O que eu quero dizer é que, considerando-se o potencial de compra dos japoneses, um livro poderia custar muito mais caro, que mesmo assim não teria um impacto tão alto no orçamento como o que um brasileiro comum sofre, quando adquire um livro de qualquer tipo no Brasil.

No Brasil, o livro não é ainda algo que qualquer um possa comprar. Fico feliz, contudo, de ver que com o tempo, os preços dos livros estão se tornando mais populares, mas, econômica e culturalmente, o hábito da leitura ainda é apenas privilégio de uma parcela da população.

O Japão, em contrapartida, não perde nada, só ganha, com cada centavo investido em livros, com cada minuto que as livrarias ficam abertas e entupidas de gente, com cada metro quadrado que é preenchido por pilhas de um mesmo lançamento que vende rapidamente. Fora o lucro homérico que as grandes redes de sebos (que aqui funcionam de forma fantástica) ganham.

Quem sabe um dia o mercado editorial e o governo brasileiro percebam que o esforço ainda é pouco, o que está a menos de meio palmo de seus narizes.

Isso tudo o que eu falei é apenas um item que comprova que o Japão ainda pode ser considerado um país em que você vive aquela vida normal, como de história em quadrinhos: num lugar bonitinho, em que as pessoas ainda fazem coisas normais, como crianças que brincam na rua e compram sorvete do sorveteiro, trabalhadores que tomam um trem ou leem um jornal no banco da praça sem preocupação.

Falow!!!


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Um fim de semana

Olá people!

Então, passou-se uma semana desde o último post.
Hoje já é sexta-feira à noite, enquanto no Brasil é hora de almoço da mesma sexta-feira, e amanhã temos um lindo fim-de-semana pela frente. O que fazer no fim-de-semana?

Eu tenho algumas atividades da faculdade para concluir. Mas, como bom procrastinador que sou, deixo sempre para a última hora. E, num fim de semana, para o último plano, a não ser que me dê um impulso de fazer as coisas num momento totalmente inusitado.

Excluindo, portanto, atividades acadêmicas, o que eu poderia fazer num final de semana aqui em Nagoya?

Tem muitas coisas. Vou citar só alguns exemplos prediletos.

- Andar de bike
- Karaokê a noite toda
- Comer fora
- Ir a alguma loja de departamentos e ficar boiando
- Pegar um trem da JR (Japanese Railways) sem destino certo e parar em alguma cidadezinha nos arredores que tenha algum templo ou parque bonito
- Participar de alguma atividade cultural - gratuita ou barata, de preferência

São todas atividades muito recompensadoras e saudáveis. cada uma com seus tokuchous (pontos positivos).

Dentro de mim, está me dando uma ânsia de fazer a loucura de entrar num trem sem destino e ir até onde der tempo. Eu confesso que só não fiz isso ainda porque gasta dinheiro, viu? Mas vou comprar um bilhete chamado 18-kippu, na época propícia, e fazer uma turnê da loucura para algum lugar bem distante desse meu Japão, explorar os vilarejos mais escondidos, que tal?

Karaokê a noite toda é mais uma opção. Você paga um preço único e se diverte rindo da cara dos outros ou pagando mico, e em alguns casos, se emocionando com a ótima voz de alguns que cantam muito bem. Isso geralmente é regado a bebidas não-alcoólicas, alcoólicas ou sorvetes. Para mim, que gosto de pagar mico e de música japonesa, é uma perfeita combinação.

Oportunamente eu entro em detalhes sobre essas e outras atividades!

Abraços!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Sinais de um país retrógrado


Olá, pessoal! Ja fez duas semanas que eu postei aqui pela última vez. Realmente aquele acesso de preguiça continuou me dominando, e a falta de ideias também. Mas bem, vamos lá...


O Japão é a segunda potência do mundo, tem tecnologia de ponta, é um país extremamente desenvolvido, com uma educação ava
nçada e muito dinheiro. Isso é fato. Entretanto, no dia-a-dia ainda se encontram muitos sinais de um Japão retrógrado, mais velho do que os dinossauros, com a mesma estrutura ou atitude de antes de perder a guerra.

As contas de banco aqui no Japão, em geral, além do ca
rtão, possuem um Tsuuchou, que é uma caderneta como eram as antigas cadernetas de poupança, onde se registra toda a movimentação na conta cada vez que se faz uma operação no ATM. Eu acho fantástico, pois a gente não precisa ficar se batendo com aqueles extratos, tem a movimentação detalhada da conta sempre à mão, entre outras vantagens.

Eu fui alterar meu endereço no cadastro do banco, pois mudei recentemente, e como no tsuuchou vem impresso o endereço, eu fiquei imaginando como seria alterado. Será que eles iam colocar uma etiqueta? Ou
será que iam fazer uma nova caderneta? ... em alguns segundos, veio-me à mente a ideia mais bizarra possível, no momento em que a minha amiga Kaoru estava fazendo o mesmo... pensei: "Ela vai riscar com caneta o endereço antigo, carimbar em cima e depois escrever o novo endereço a mão."

Num país como o Japão, jamais se imaginaria isso... mas foi o que aconteceu! hahahaha


Anexo a foto de como ficou o bagaço. (acima)



Sem contar que, se você erra um pontinho em alguma letra em formulário de banco, eles te pedem para fazer um risco em cima, corrigir e ASSINAR ao lado (ou carimbar com o Inkan, o que se usa como assinatura aqui). Como eu assino o meu nome completo, imagine como fica um formulário meu, afinal eu vivo rasurando! A última vez que isso me aconteceu, eu perdi a paciência e dei uma gargalhada na cara da moça. Mas a gente entende... regras são regras. Principalmente aqui nesta terrinha.

Abraços!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Hoje, sem ideias

Olá pessoal!

Hoje realmente estou sem muitas ideias para escrever neste blog, mas não gostaria de deixá-lo abandonado, dando razão à Lei de Murphy do esquecimento, passando a impressão de que não vou mais escrever tão cedo no blog, o que não pretendo que aconteça.

O mais engraçado seria se essa mensagem se tornasse a última no blog, e lá por 25 de fevereiro de 2034, uma pessoa entrasse aqui e desse gargalhada da minha cara. Não, isso eu não quero! Mas é muito comum isso acontecer. Eu já fiquei de cara ao ver muitas sites desatualizados, hahaha...

Aqui no Japão estamos na primavera, o tempo está bom, mas alguns dias tem chovido, o que é uma porcaria mas bom para baixar o pó. No caso dos japas que não tiram pó de quase nada, melhor ainda.

Dos fenômenos meteorológicos para o pó, uma coisa engraçada que observamos foi o banheiro do último andar da biblioteca da faculdade. Ele não estava com problemas... só estava velho e encardido. Mas os japas, em vez de limparem o banheiro, eles trocam o banheiro. Reformaram tudo, lajotas, loiças sanitárias, enfim, um banheiro completamente novo. Como é bom ter dinheiro nesse mundo de meu Deus. Se eles soubessem o sofrimento que tivemos para reformar o banheiro da nossa casa aí no Brasil... e que eles fazem o mesmo em vez de usar uma boa escova e um bom desinfetante...

Estou lembrando de coisas variadas da minha vida aqui agora. Uma totalmente nada a ver com a outra. Agora eu estou convivendo mais com os japoneses do meu laboratório. Às vezes eles estão conversando coisas engraçadas mas, se eu não presto muita atenção no que eles estão falando, eu não entendo patavina de sobre o que está sendo tirado sarro. Mesmo assim, quando todos riem em coletivo, e eu estou distraindo olhando para o computador, flagrei-me já dezenas de vezes rindo junto com eles, só para não parecer antipático. Eu não faço de propósito, sai naturalmente! Eu já sou risonho por natureza e acabo rindo de não sei o quê por várias vezes. Tomara que isso não me meta em problemas algum dia... Às vezes eu até viro em direção a eles como se estivesse entendendo e dou minha gargalhada junto. Como as coisas transformam a gente!

Os japoneses sabem ter humor. Mas como muitas piadas e brincadeiras são baseadas em coisas culturais que eu não compreendo, muitas delas não me fazem rir. Às vezes o estilo de humor deles é até muito ácido, mas não tem quase nenhuma malícia. O brasileiro tem muito humor baseado em malícia, então a gente sente bastante a diferença. Mas para rir completamente precisa ser japa, não tem jeito...

Acho que por hoje está bom! É isso! Só para bater ponto mesmo...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Nomikais

Olá, leitores! Se é que vocês existem, sejam mais uma vez bem-vindos ao meu blog!
Depois que eu parei de escrever por um mês e anunciá-lo, não existem mais razões pelas quais as pessoas entrem aqui - a não ser que me encontrem em um mecanismo de busca ou eu volte a anunciá-lo aos amigos e conhecidos.
Hoje vou falar sobre um acontecimento que terá em alguns instantes aqui no meu laboratório. A Nomikai. Nomikai é uma palavra formada por nomi (ato de beber) e kai (reunião), então é fácil inferir que é uma reunião para beber. O motivo da reunião de hoje no nosso laboratório é marcar o início do ano letivo de 2009 e dar as boas-vindas aos calouros de último ano de engenharia e do mestrado (eu sou um deles). 
Como funciona uma nomikai no Japão?
Primeiro, o meu parecer sobre o significado e a importância social da nomikai. A nomikai é um evento de suma importância social, no trabalho ou em grupos de estudo e pesquisa, em que as pessoas que compartilham o mesmo local e tempo de trabalho se reunem para comemorar esse fato e abrir o coração. Abrir o coração inclui todos os fatos interessantes cometidos por pessoas inebriadas pelo delicioso saquê. ou atsukan (saquê aquecido em banho maria, como bebido em tempo frio), pela cerveja, pelas outras bebidas alcoólicas que você imaginar. 
Seguindo a cultura japonesa, faltar a um evento a que você é convidado é falta de consideração, falta de educação mesmo, a não ser que você tenha uma justificativa plausível. Em uma das nomikais, não esteve presente a secretária do laboratório, que é mãe de família. Mas isso não é motivo para faltar, não! Ela tinha ido para a Coreia do Sul, numa viagem programada antes de marcarem a data da nomikai. 
Aliás, Coreia do Sul é um dos países que eu vou conhecer antes de voltar para o Brasil, afinal é o destino internacional mais próximo e barato que tem... em promoção, pacote de 4 dias com hotel e passagem por 300 dólares em média.
Voltando à nomikai. Esta é um evento de geralmente 2 horas de duração, que são realizados em Izakayas (bares em estilo japonês). Esses bares oferecem um período de duas horas com rodízio de bebidas alcoólicas e não-alcoólicas por um preço determinado. Às vezes esse custo inclui algumas porçõezinhas, às vezes as porçõezinhas são à parte, mas eu sempre saio com fome desses lugares.
Após todos se reunirem num horário marcado religiosamente, é feito um brinde pelo chefe do grupo (no caso do meu laboratório, o meu orientador), e gritam Kanpai!!! (Saúde!), fazendo tin-tin. Até então nada tão anormal, sem falar que tin-tin é um "palavrão" aqui no Japão (car****), fato pelo qual não é comum "onomatopeizar" o tilintar dos copos dessa maneira.
Depois, começa o bate-papo e a bebedeira, com variedade imensa de bebidas, mas sempre o saquê sendo a bebida mais consumida. O costume japonês rege que uma pessoa deve servir a outra; não sei se isso tem ordem hierárquica, mas você deve ser servido e beber. Se você não quiser beber mais, deve deixar o último copo cheio. Caso contrário, se alguém perceber, vai logo encher seu copo novamente, e aí se inicia o ciclo alcoólico das "aberturas de coração" previamente mencionadas.
Eu percebi que muitos bebem por educação, em respeito ao seu superior, e alguns japoneses têm uma facilidade de ficar vermelhos, roxos, com álcool. Parece que falta uma enzima no corpo deles que faz isso acontecer. Como muitos bebem por educação, em respeito ao superior, ou nas brincadeiras ébrias, muitos passam mal, mas isso não é problema. Aparentemente a regra é: "Procure não vomitar aqui. Vá ao banheiro, vomite o que precisar e volte para brindarmos novamente."
Como o álcool é então muito presente, coisas muito interessantes também acontecem. Certa vez ouvi falar que um funcionário, no retorno da nomikai, puxava seu chefe pelo seu "órgão" na estação. Acho que não é mentira não, haja vista o quanto eles bebem e esquecem da vergonha.
O mais interessante é que, na sociedade japonesa, seja o que for que você tenha cometido na noite passada, em que todo mundo estava feliz, nada é comentado, não se tira sarro. Com discrição absoluta, no dia seguinte no trabalho ou no laboratório é como se nada tivesse acontecido. "Bom dia", "Bom dia"... Já que todo mundo é culpado, por que eleger um coitado?
Meu professor fica alto e faz piadas, mete a boca nos alunos que não estão indo bem, serve os alunos e questiona porque estão bebendo mais, e no final vai embora com os seus discípulos ajoelhando à sua volta. 
O mais legal é que a maioria do povo usa o transporte público. "Se beber, não dirija", além de lei aqui também, é respeitada. Então todo mundo pode festar e deixar depois o metrô ou o trem fedendo pinga que não tem problema.
É isso, pessoal!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

De volta ao Japão

Olá, pessoal! De volta ao Japão, quase um mês de folga depois, retorno aos meus posts. Desta vez vou contar um dos aspectos da historinha de como foi meu retorno do Brasil ao Japão: a terrível amigdalite a que fui acometido - amigdalite com G mudo sim, pois achei um absurdo a nova regra ortográfica cortar as consoantes mudas das nossas palavras lindas.

Três dias antes de vir para o Japão, comecei a sentir um princípio de febre... e pensei "Ih... esse negócio não vai dar certo não". Dito e feito: já de cara, 38 graus de febre e a garganta doendo. Porém, a princípio, pensei que fosse uma de minhas milhões de infecções de garganta que tenho sempre, e um pouco de amoxicilina associada a nimesulida e uma eventual novalgina em momentos de febre me salvaria dessa em três ou quatro dias.

Bem, chegou a viagem para o Japão e eu já estava conformado. Graças a Deus os serviços de bordo da Emirates são bastante bons, a poltrona que eu estava era numa posição confortável e eu podia ir ao banheiro cuspir tantas vezes quantas fossem necessárias sem incomodar ninguém. Cuspir sim, o que me mais faz auto-diagnosticar uma deliciosa amigdalite bacteriana.

Mas mesmo assim, ninguém merece! O suco de laranja descia queimando - afinal, eu era louco de bebê-lo mas eu sentia uma vontade incontrolável! - e eu tinha que parar alguns segundos para curtir a dor. Lembrei-me daquela frase do polaco no "Código da Vinci" - "A dor é boa". Ele realmente era louco.

Segunda-feira, primeiro dia no Japão, fiquei de cama. Mas nem a pau ir para a Universidade! No dia seguinte, após um brado telefônico da minha Mãe, pulei da cama as 5:45 da manhã e fui para o hospital que sabia que era bom: o da Cruz Vermelha de Nagoya. Lá, fiz uma consulta de emergência com um residente, que me fez um monte de perguntas e chegou à conclusão de que eu tinha sabe o quê? Amigdalite. E, após uma cultura, ele concluiu que o antibiótico mais recomendado para meu caso era sabe qual? Amoxicilina.
Conclusão: uma vez ele tendo chegado a esse diagnóstico, e sabendo que eu já vinha tomando tal medicamento, recomendou-me que aguardasse o início das consultas e consultasse um otorrinolaringologista. Foi jogado fora o dinheiro dessa pré-consulta? Bem, não sei, mas mesmo com o seguro de saúde pública, que cobre 70% das despesas, a consulta ficou 28 dólares.

Ao consultar uma especialista, esta me enfiou um tubo pelo nariz e me receitou antibiótico na veia, além de uns remedinhos paliativos para consequências. Tenho voltado lá todos os dias, tomei 4 dias seguidos de antibiótico na veia e o médico da vez me olha a garganta acompanhando o prontuário. Estou com os braços roxos, mas salvo, e então Raphael voltou à tona. Ainda, sexta-feira, retorno lá para ver se a íngua que se formou no meu pescoço sumiu por completo. Até agora, ela só está diminuindo.

Bem, pensei que essa seria a introdução da minha historinha, mas como eu sempre escrevo demais, já estou no fim, quase. A conclusão, que teria sido um desenvolvimento se eu tivesse sido mais sucinto, é contar um pouco o que eu observei do sistema de saúde japonês.

- Interessante que os postos de atendimento, dentro de uma especialidade, são 1, 2, 3, e 5, já que o número 4 significa morte, então um hospital seria o lugar menos adequado para tal sacrilégio. Mas nesse hospital que eu fui o 4º andar existe!

- A saúde japonesa, assim como o ensino universitário público, é paga, mesmo com a carteirinha do "SUS" deles. A diferença é que aqui funciona. Eu posso escolher uma gama enorme de hospitais, e eles me atendem como se eu fosse qualquer cliente, a princípio. Eu pago 30% das despesas no caso de consultas e medicamentos, mas não sei como funciona em emergências, internações e cirurgias.

- Os remédios de verdade não têm para vender nas farmácias. As farmácias que você encontra na rua têm toda a linha de perfumaria, cosméticos e cuidados pessoais. Tem alguns chás especiais, alguns remedinhos naturais para emagrecer, camisinhas e alguns pseudo-medicamentos que você pode tomar sem prescrição médica. Mas os fármacos, aqueles com nomes lindos mesmo, inclusive as pílulas anticoncepcionais, só no hospital após a prescrição médica e após o pagamento. E na quantidade certa que você vai usar.

- Diz que quando você vai visitar um doente, é interessante que leve frutas. É o presente mais legal nesse caso! Mas também pode levar flores, desde que não estejam no vaso, o que significa que vai "enraizar" a doença, ou algo assim.

Essas são as observações preliminares de um ambiente hospitalar. Espero não ter oportunidades de ter informações mais detalhadas! É uma lacuna que quero manter não-preenchida no meu blog e na minha vida, pois ficar doente fora de casa é muito ruim.

É isso, pessoal! Abraços.

terça-feira, 17 de março de 2009

Clodovil Hernandez


Olá, leitores! No período em que estou no Brasil, matando a saudade de todos e aproveitando estas raras férias a 20 mil km da minha atual casa, resta-me não lembrar muito do Japão, e sim viver o que acontece aqui na minha terra natal.

Hoje foi um dia triste para o Brasil, e para mim, especialmente, pois eu sempre gostei muito do jeitão do Clodovil, que nós perdemos hoje. Precisa dizer muita coisa para defini-lo? Ele era uma figura muito peculiar. Símbolo da evolução da moda, apresentador de televisão e finalmente político, não sei muitos detalhes sobre a vida dele, senão as coisas interessantes que concerniam a ele e apareciam na TV.

Vou lembrar apenas algumas coisinhas que me faziam dar muita risada sobre ele!

- A mansão dele em Ubatuba - SP, quando fomos pra lá de férias, era ainda a época em que ele tinha uma privada no meio do mato, para sentir a natureza numa das horas mais sagradas e particulares dos dias.

- O dia em que houve um desabamento de terra e a dita privada sumiu... esse dia eu dei muita risada também!

- Toda a odisseia do quadro "As sandálias da humildade" que o Pânico na TV fez em torno dele e durante o período em que ele tinha um programa na RedeTV!, que não durou muito por causa das besteiras que ele falava...

- O dia em que ele se elegeu deputado e, num discurso, deu uma indireta diretaça na careca do querido Paulo Maluf, agradecendo uma bajulação com um esporro homérico!

- Agora, o que mais foi engraçado nesses últimos tempos... o dia em que ele chamou uma deputada (Cida Diogo) de FEIA na cara dela, dizendo que nem pra prostituta ela servia, e ela fez um escândalo na Câmara. Bem, ele tinha falado outras coisinhas sobre as mulheres também. Para a imprensa, ele simplesmente repetiu o que havia dito - "Mas ela é feia mesmo! Que culpa tenho eu de ela ter nascido feia?".... hahahhaha

LINK para o vídeo desse dia especial.

Clodovil, como outros grandes artistas, vai deixar muita saudade! Vai se incorporar no universo paralelo a grandes artistas e também humoristas pela sua ironia avassaladora!


Como num brinde silencioso, à grande pessoa que ele foi, KENPAI.



segunda-feira, 2 de março de 2009

Apresentações acadêmicas

Olá pessoal!

Ainda é muito pequena a minha experiência acadêmica aqui no Japão, mas como estamos numa fase de final de ano letivo (em março? - Sim, em março), gostaria de fazer algumas comparações.
 
O laboratório em que estou trabalhando tem um staff considerável. Um professor chefe, o professor auxiliar, 1 funcionária, 1 aluno de pós-doc, 2 alunos de doutorado, e atualmente 6 alunos de mestrado e 5 alunos de graduação, além de mim, ainda como "aluno-pesquisador", uma espécie de aluno especial. 

Semana retrasada foram as defesas de mestrado, e hoje as de monografia dos alunos de graduação. É muito diferente do meu curso de Engenharia no Brasil, pelo menos. Não sei das outras áreas. Mas aqui as dissertações de mestrado têm mais ou menos 40, 50 páginas no máximo, e as apresentações são de 12 minutos, com 5 minutos extras para questionamentos. É uma sequência religiosamente seguida. 

As apresentações de monografias, por sua vez, são de 7 minutos cada, com 4 minutos para arguição. É interessante que, mesmo com pouco tempo, com muito ensaio, muitas vezes eles conseguem fazer ótimas apresentações, abordando suficientemente cada tópico. Mas ao mesmo tempo, eu tenho a sensação de que eles prezam mais o tempo do que a perfeição da apresentação. Isto é, preferem falar um pouco mais rápido e dentro do tempo limite do que se enrolar, o que pode ser considerado prolixo (como eu, hehehehe)... 

Outra coisa, acredito que em vários lugares no Brasil isso ocorra, mas não em todos. Os apresentadores sempre usam terno e gravata, e as meninas o terninho. O tempo é medido por uma campainha. Um minuto antes do fim da apresentação é um toque, no final são dois toques. E no final das perguntas, tem um aviso ou três toques. 

Isso me lembrou de quando eu estive no CBECIMAT, Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência de Materiais no Hotel Mabu em Foz do Iguaçu, estava vendo uma palestra muito interessante de um professor da UFSCar sobre fabricação de metais amorfos por melt-spinning. E o sistema de contagem dos tempos no ciclo de palestras era com lâmpadas coloridas. Acendiam as lâmpadas em sequência conforme as fases finais da palestra, para que não houvesse atrasos. Coisa de físico e engenheiro!

Minha apresentação de monografia na universidade foi de mais ou menos 40 minutos, com mais de uma hora de discussão da banca avaliadora. No final, detalhe por detalhe é revisado no momento da apresentação. Por isso que eu digo, daibu chigau. É muito diferente... mas a gente acostuma!

Agora me lembrei também que, quando fui apresentar meu projeto de monografia no quarto ano, eu tinha 30 minutos mais 15 minutos de perguntas. Eu entendi errado, empolguei-me e falei 45 minutos. Achei que era 45 mais 15. Quando eu vi, a professora estava dormindo, meus colegas estavam quase todos dormindo em sono REM, dentre os quais o Alessandro, que sempre faz sinal de "sim" com a cabeça para nos animar quando escuta nossas falas. O Alessandro continuava fazendo os sinais de sim, mesmo em estado alfa. 

A conversa de hoje foi CDF!! Até a próxima...

domingo, 1 de março de 2009

Longa viagem


Olá, Pessoal!

Esta semana, depois de 5 meses inteiros no Japão, eu vou ao Brasil passar minha Haruyasumi (férias de primavera). Vai ser um mês, mas creio que o suficiente para recarregar minhas energias. Muita gente me pergunta: "Mas tão cedo assim? Uma viagem tão longa e tão cara?"... É, têm razão os que assim perguntam, mas foi tipo de um compromisso psicológico comigo mesmo e com minha família. Então eu me esforcei muito e consegui juntar o dinheiro da passagem economizando um pouco da minha bolsa todo mês... e quem me conhece sabe o tamanho dessa conquista, haja vista o perdulário que eu sou! E essa semana vou ao Brasil!

Vai ser bom reencontrar minha familia (já cansei de webcam por enquanto!)... e rever meus amigos, comer as coisas do Brasil, falar português, viver minha própria cultura!
Por outro lado vai ser ruim reacostumar com coisas que aqui são muito fáceis, como o transporte e a segurança... mas faz parte!

Existem diversas maneiras de ir do Japão ao Brasil. A que eu escolhi foi a Emirates... aproveitar enquanto ainda tem partida pelo aeroporto de Chuubu, que é o mais próximo de Nagoya. É um vôo de 12 horas até Dubai (um paraíso quentíssimo!) e mais um de 15 horas até Guarulhos. Vai ser cansativo, mas dentre os mais baratos e que não requerem visto era o mais conveniente que tinha, sem contar que Dubai é uma parada muito tentadora para gastar no maior conglomerado de lojas em aeroporto do mundo... hehehe... Sei que, desde sair da porta da minha kit aqui no Nihon até chegar à porta da minha casa no Brasil, será um trajeto de 42 horas, pelo menos eu chegarei 12 horas mais jovem, já que viajo contra o fuso horário... e as envelheço novamente quando retornar ao Japão.

Sinceramente, a próxima vez que eu for ao Brasil - que pode vir a demorar um pouco - eu estava pensando em conhecer a Europa. Tem um vôo Nagoya - Paris pela JAL, e lá na França eu poderia permanecer uma semana e conhecer os arredores. Seria interessante, não? É uns 25% mais cara a passagem, mas mesmo assim vale a pena. A questão é economizar. Não ficar louco com os eletrônicos que tem aqui, isso poderei comprar depois. Mas conhecer lugares distantes com a facilidade que eu estou tendo é uma vez só na vida.

Um abraço pra alguns amigos aniversariantes da semana... Kaoru (24/2), Aline (27/2), Helen (hoje, 1/3), Izumi (2/3).

Música do dia (saudades de quando eu escrevia isso no Fotolog!)

KAKSI PUUTA - Juha Tapio (Link para clipe no Youtube)

Juha Tapio é um cantor finlandês. Música lançada em 17/9/2008 pela Warner Music Finland.

E esse foi um post mais normal. hahah


Falow!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O monumento dos Campos Gerais


Perder algo que a gente gosta é muito dolorido. Nem se fala de entes queridos... mas não sei como considerar um dos monumentos que mais levou minha terrinha, Ponta Grossa, ao conhecimento do mundo, como um ente querido ou como um bem material. Porque o Cocozão era mais que isso. Era cultura, era alegria, era simbolismo.

Nem Robert Langdon poderia descrever o sentimento que o governo de Ponta Grossa e um arquiteto tiveram ao diagramar o Cocozão, ou, como conhecido internacionalmente, o Big Poop, pois o simbolismo que existia naquela obra-prima é indescritível.

Em primeiro lugar... o monumento representava literalmente o que o Prefeito de PG City e os queridos vereadores fizeram com o povo nos últimos anos. Tanto o Péricles, como o Wosgrau, como o Jocelito, todos foram totalmente fiéis ao símbolo da obra ao executar os seus governos. Os vereadores, então, nunca vi tanto esforço em representar o monumento tão perfeitamente com suas atividades diárias, não indo à Câmara, enrolando na aprovação de leis, só se preocupando com seus próprios focinhos e desviando o que quer que pudessem.

Esse objeto foi obrado por um arquiteto que, em uma oportunidade de se vingar da licitação, ou feliz por ganhar dinheiro mesmo não tendo nenhum talento, teve uma diarreia intelectual hors concours. Não havia Imosec que fizesse parar aquele piriri cerebral que originou nosso orgulho.

Eu tive a honra de, em 2005, parar o carro em frente à minha querida Universidade Estadual de Ponta Grossa, e registrar um momento peculiar. A foto chegou a ser publicada no Diário dos Campos (sempre sobra espaço nos jornais de PG para esse tipo de honras), e mostrava um cavalo na beira do meio-fio, comendo um pedaço de melancia que fora abandonado na rua, e ao fundo lá estava o colosso, na porta do templo do saber (como diria minha amiga Larissa Biernatski). Perfeita representação dos Campos Gerais. A involução representada na melancia abandonada (enquanto milhões morrem de fome) - o bucolismo representado pelo cavalo (mantido pelo tradicionalismo de sobrenomes em PG) - as obras do governo representadas pela necessidade fisiológica sólida suspensa - e finalmente, o templo do saber, de onde saíram muitos obreiros que obram em prol de nosso País. Não é a foto mostrada, mas em breve a porei.

Finalmente, em fevereiro de 2009, após trazer muita alegria às pessoas aparecendo no Casseta e Planeta, em outros programas televisivos e no Youtube, nas fotos de centenas de álbuns de formaturas e no Panoramio do Wikipedia, o Cocozão partiu. Ele cumpriu sua missão! Cumpriu muito bem! Divertiu o mundo, representou o que devia, foi aclamado, odiado, como toda grande personalidade que faz diferença no mundo. Gandhi, Martin Luther King, Inri Cristo e Dr. Enéas também tinham seus inimigos! 

Mas o Big Poop venceu. Como um herói, sem poder se defender, ele foi queimado pelos nossos pecados. Ou melhor, o pecado dos bombeiros que tocaram fogo nele (eu tenho certeza que foi propositalmente), quando tentavam retirar as colmeias de vespas que graciosamente se formaram em seu redor. E foi embora honrado por todos nós que participamos de sua vida.

Vai com Deus, Cocozão! Você marcou uma era.

Sentiremos saudades.


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Jeitinho brasileiro

Desculpem a demora para retornar a postagem! É assim que um blog começa a entrar na obsolescência: passa aquela vontade temporária, e os fracos escritores como eu param. E o blog fica perdido e desatualizado no tempo. Com o tempo, ninguém mais entra, e essa é a mesma história de museus como o da UEPG em Ponta Grossa.

Então! Estava pensando na vida e, em uma das minhas reflexões de chuveiro, em como é bom ser brasileiro! Porque a gente tem aquela virtude do famoso jeitinho brasileiro. Será mesmo uma virtude? Bem, eu acho que depende, porque podemos usar o jeitinho brasileiro ou como uma virtude, uma ferramenta de irreverência, ou para coisas desonestas.

Quando a gente vem para um país muito diferente como o Japão, a gente consegue perceber o que é o jeitinho brasileiro. Atitudes que parecem óbvias para a gente, mas que não existem em alguns lugares fora do Brasil, e cuja natureza é a resolução de problemas, o atalho, e até mesmo a corrupção.

Falando um pouco mais sobre o lado mau do jeitinho brasileiro, e emendando uns atavios na conversa, os nossos queridos políticos usam o pior lado possível do jeiitinho brasileiro. A corrupção é o jeitinho brasileiro com chifrinhos. Fazem coisinhas por baixo do pano que, realmente, em alguns ângulos, em nada parece afetar o povo brasileiro. E esse é o desencargo de consciência que lhes permite continuar. Mas esses ângulos supracitados nada mais são que o ângulo de visão de pessoas pequenas. Políticos com jeitinho = pessoas pequenas. Às vezes, essa igualdade é muito bem descrita por algumas charges de jornal.

Bem, desabafo concluído, vamos retornar ao jeitinho brasileiro.

Vou contar uma historinha de coisas que acontecem no Japão. O leitor mesmo poderá identificar o jeitinho brasileiro, mas eu ajudo. Vamos lá:

1 - Nas estações. Quando você entra numa estação de trem ou metrô no Japão, o bilhete é passado na máquina e lhe é devolvido. Você mantém o bilhete consigo durante a viagem, e na saída da catraca, você passa o bilhete que é engolido pela maquininha. Problema: e se perder o bilhete? Comunicar ao ekiin (funcionário da estação) - normalmente, na pureza de uma sociedade ainda não corrompida nesse aspecto - ele lhe liberará a saída sem passar o bilhete.

Lembro que as linhas de trem comum no Japão, por exemplo, são interligadas, e você pode atravessar uma boa parte do país de trem. Além disso, você compra o bilhete numa máquina automática de acordo com o valor, que pode ser usado para qualquer destino. Se você desembarca num destino diferente, com um valor de trajeto diferente, é só inteirar para o valor correto em uma máquina dentro da estação.

Se eu quiser fazer uma viagem de Nagoya para Tokyo, por exemplo... e chegar na estação de Tokyo tendo perdido o bilhete, o certo (dentro deste paradigma estabelecido) é eu comunicar ao funcionário da estação para que ele me libere a saída. Isso acontece mesmo aqui! Sem dúvidas! Porque o povo não faz o seguinte:

- Compra um bilhete barato para entrar na estação e alega que o perdeu. Caso seja cobrado, diz que estava numa estação próxima. Em vez de pagar, sei lá, 5000, paga 200. Quem vai provar que estava mentindo? Ora, se a única prova é o bilhete, e este está supostamente perdido?

Éééé... malacada... aqui no Japão as coisas são assim. Se muita gente tivesse esse mau jeitinho, imagine o prejuízo. É claro que deve ter uns safados, mas nem se compara. E por isso que as coisas não avançam no Brasil em alguns aspectos. Porque o mau jeitinho não deixa.

2 - Aproveitando a oportunidade, mais uma historinha, mas de um lado bom do jeitinho brasileiro. Um jeitinho que às vezes faz falta as pessoas terem aqui.

Assim como a história citada no último post, sobre a bibiloteca, esse também é um bom exemplo. Uma amiga que me contou que foi ao salão cortar o cabelo... e bem, tem as revistas para ver que corte você gosta, e tal, né? Igual no Brasil. Minha amiga gostou de um corte de cabelo, mas o cabelo dela era um pouco mais comprido do que o da foto, uns 5 centímetros, e precisaria ajustar.

Observação no meio do caminho - salão de beleza é caríssimo no Japão! Graças a Deus para mim, que não tenho cabelo, existem uns de 1000 ienes (um pouco mais que 10 dólares) para dar a aparada de sempre. E já é caro...

Bem... minha amiga simplesmente disse para o cabeleireiro que queria fazer aquele corte da revista. Naturalmente, precisaria ajustar. Mas algo simples, sem muita mudança. Sabe o que o cabeleireiro disse? Que não podia fazer o corte porque aquele era 5 cm mais curto. Ai meu Deus!

O fato não é o cara ser chato, o fato é que mesmo sendo bem estudado e seja lá o que for, ele não enxerga o possibilidade de ajustar o corte! Um ajuste que pode também ser considerado um jeitinho brasileiro dos mais simples, não acha?

Questão cultural, gente.

E chega de verborragia por hoje.