domingo, 25 de outubro de 2009

Nostalgias - APZ

Em 20 de julho de 1997, eu fundei, com a ajuda do meu irmão Eduardo (6 anos na época – e eu 12), a Associação Pykyrykana de Zerósia - APZ. Eu nunca tive uma definição nem idéia exata de o que é a Zerósia. Mas se hoje alguém me perguntasse, diria que é uma filosofia que prega a filantropia e promove o conhecimento de vários temas com cursos muito interessantes.

Eu pegava a máquina de escrever do Pai ou do Vô e batia o jornalzinho da Associação. Nele, eu promovia os novos cursos de Zerósia (a filosofia, regida por signos como Ptébana e Ierévana), além dos cursos dos idiomas falados no 2º Universo (meu universo imaginário)... línguas mortas e atuais. Mortas, como o pykyrykano (a origem de tudo, que eu inventei quando tinha 6 anos mais ou menos), assim como o turco raphaelesco e o árabe raphaelesco júnior, línguas ainda utilizadas nesses países.

O Eduardo se divertia por ter um cargo importante na Associação, mas eu, como péssimo líder que sou, não sabia imputar as devidas tarefas a ele, que só ficava do meu lado no quartinho da empregada brincando com os bonequinhos dele, enquanto eu imaginava como seria uma sala de aula cheia, do curso de árabe raphaelesco júnior (Áriji). E se eu reclamasse, a gente quebrava o pau e eu ainda apanhava dele, às vezes. E ele ia chorando lá pro quarto dele e batia a porta.

A APZ existe até hoje, e é atualmente administrada pelo meu primeiro-ministro de Pykyryky Delawery (meu país imaginário), Alf Dydo de Souza Prestes, com a preciosa ajuda da sua esposa Barbariza de Souza Prestes. Eles têm prestado um serviço precioso a toda a comunidade do 2º. Universo. O Alf Dydo é uma espécie de meu braço direito, quando eu estou muito ocupado com o mundo real, ele assume tudo lá para mim. Lá eu sou o soberano, não sou Deus, acima de mim existe Jesus e Deus, mas eu sou uma espécie de monarca vitalício, uma mistura de Kim Jong-Il com Aiatolá Khomeini, mas com o charme do Rei da Espanha (Por qué no te callas???).


 

Olá! Tentando postar direto do Word

Pessoal! Estou usando o Word para postar direito no Blog. Vou ver se esse mecanismo funciona ou é mais um mecanismo mequetrefe que está cheio de erros!

Hoje é domingo à noite, estou no meu computador tentando transformar em palavras e papel escrito o conhecimento que tenho que transmitir no próximo seminário. Mas não é questão de preguiça, é questão de ignorância mesmo. Eu caí de paraquedas num tema que eu não tenho conhecimento ne-nhum, e estou tendo o tipo de orientação "mais do que isso eu não vou falar pra você, senão fica muito fácil". E na hora de apresentar o seminário, eu tenho o tipo de avaliação "se eu quiser, eu entro na internet e vejo tudo isso que você apresentou, não preciso ver seu seminário".

De quebra, com os problemas ocorridos, eu fiquei com o rótulo de "o que não sabe o que é trabalho em equipe", e aqui no Japão, o assessment psicológico que eu fiz quando trabalhava em SC, que deu que minha aptidão mais forte era justamente "trabalho em equipe", virou espuma.

Sobre isso, ainda, a opinião da psicóloga no laudo foi que "Raphael é um material moldável, se tiver um líder próximo e atento".

Hoje eu já não sei mais o que é líder. Eu não sei mais onde termina a responsabilidade de um orientador de mestrado e onde começa a minha. Ou vice-versa. Eu não sei mais o que é trabalho em equipe, não sei mais o que é motivação, não sei mais o que é liderança. Tudo o que eu recebi a minha vida inteira de motivação eu aprendi aqui que é mimo. Que está errado subir na vida com a força dos outros. Que reconhecer que não sabe alguma coisa é uma vergonha. É tudo ao contrário dos meus princípios, ou eu com a cabeça virada desse jeito perdi a noção até de entender o que é o quê, afinal.

Dizem que essas fases turbulentas passam, e depois vem a calmaria. E que esse registro se torne história, e que essa história não tenha um término igual a ela, cheio de ressentimentos...

以上です。

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

De vez em quando a gente aparece!

É isso aí, pessoal, de vez em quando a gente ressurge das cinzas!

Hoje a cabeça deste autista hiperativo que vos fala está com pensamentos diversos. A última coisa que eu tenho sempre pensado é a pesquisa. Tá faltando gana e saco para essa fase inicial da pesquisa nova que estou inserido, o que é o tiro mais importante, mas quando você precisa fazer uma pesquisa de um assunto que você não conhece e nem sabe se gosta, com dificuldades de ser esclarecido e sem a mínima motivação, as coisas realmente ficam difíceis. Ou eu tomo tenência e viro homem duma vez ou esse negócio não anda pra frente! ... hehehe

É das primeiras vezes na minha vida que me pesa a responsabilidade, mas também me pesa a fraqueza de espírito (já viu fraqueza pesar? pesa muito sim, quem carrega é que é fracp), de estar nessa fase da minha vida dividido de forma bem definida. Eu cheguei num ponto em que estou naqueles conflitos cabeça-coração (geralmente são amorosos). Se dependesse só do meu coração, eu já tinha tomado uma decisão mais drástica de seguir minha vida rumo à felicidade, ou ao caminho que eu acho que ma vá trazer. Contudo, minha cabeça sabe que eu sou um ser de responsabilidade e devo completar as fases e os desafios que me são impostos. Porém, assim como o âmbito da minha pesquisa atual, que é encontrar o limiar da ocorrência efetiva de self-assembly em sistemas de partículas coloidais variando sua distribuição de tamanho, eu estou procurando o limiar entre o que pensa minha cabeça e meu coração.

Meu coração olha tudo isso e pensa... não é pra mim, isso já deu o que tinha de dar, a experiência obtida até aqui já é grandiosa... e a minha cabeça rechaça dizendo... mas se você não passar por isso diante de certas dificuldades, imagine só quando surgirem desafios maiores pela vida afora! Vai fugir sempre? Vai alegar sempre que tem que buscar a felicidade? Vai ficar se frustrando a cada passo?...

A condição de contorno que venho pensando em usar como critério de tomada de decisão para minha vida aqui é a saúde física e principalmente mental. Aqui no Japão, mesmo não tendo entrado em depressão, pessoas do meu tipo geralmente recebem "amostras grátis", o que não é incomum, e nesses momentos a gente passa a pensar que realmente depressão não é só uma coisa que acontece com pessoas que aparentemente têm tendência a isso, e sim, ocorre com ricos, pobres, gente privilegiada com experiências diversas ou não.

Ao mesmo tempo que o meu cérebro está com a mesma eficiência de uma massa corrida para pensar em química, e ciência, como nunca ocorreu, ele tem trabalhado muito, elucubrando em assuntos alheios, pensando de formas diversas e tentando montar um quebra-cabeças em relação às mudanças que tive aqui e como resolver os problemas advindos disso. Eu passo meios-dias formulando teorias, eu acordo e durmo tentando entender até que ponto é efeito do choque cultural ou até que ponto eu fiquei burro mesmo, até que ponto foi benéfica a criação que eu tive, e onde é que estou pagando meus pecados... milhões de teorias saem, e eu poderia escrever um livro sobre isso. Nunca pensei tanto na minha vida sobre mim mesmo!

E é também uma forma interessante de mostrar como sou prolixo, eu acabo provando do meu próprio veneno, o mesmo veneno que eu deixo aqui nesses posts cheios de atavios. Verborragia pura! hehehehe

Bem, depois dessa descrição vaga das atuais inquietações que me afligem, vou aproveitar o mesmo post e mudar completamente de assunto.

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Você já ouviu falar do "zeugma"?

Zeugma é uma figura de linguagem, não sei a classificação dela, mas já vou ver ali... ah!!! é uma figura simplesmente de estilo.

O zeugma está presente nas nossas vidas muito mais do que a gente pensa. Na hora de escrever e falar, principalmente. Pouco destaque é dado ao zeugma. A gente aprende muito sobre pleonasmo, hipérbole, prosopopéia, mas pouco sobre zeugma, anacoluto, epizeuxe. enálage...

Um exemplo de zeugma:

"João foi à padaria, e eu, à escola."

Consegue perceber o zeugma? Isso mesmo, o zeguma é constituído pela omissão do verbo que seria repetido por outro sujeito em uma ação já descrita. Eu poderia ter escrito: "João foi à padaria, e eu FUI à escola.", mas para quê?, se FUI já está subentendido?

A isso damos o nome de zeugma. E eu repito insistentemente que é para você, leitor que deve ter cansado e nem chegado até aqui, não esqueça. Sabe o que aconteceu comigo? Toda vez que eu ouço ou leio uma frase com zeugma, eu lembro. "É zeugma", penso, e identifico em silêncio.

Esse exemplo acima é apenas um estilo de zeugma. Existe a omissão de outros tipos de palavras, desde que seu sentido já haja sido expresso anteriormente na oração. Ou seja, o zeugma é um tiplo de elipse. Não confunda com silepse, que é outra "fofura" da Última Flor do Lácio e eu discuto outro dia.

Quem me dera ter esse potencial de uso e recuperação de informação para minha pesquisa, assim como eu tenho para cultura inútil!

O negócio é amar. Eu amo a língua portuguesa e a sua dificuldade, seus mistérios. E prepare-se a mulher que vai se casar comigo, porque vou reaprender e ensinar a nossos filhos, lá por 8 anos de idade, a fazer a análise sintática do Hino Nacional. Que sonho! Chegarem na sala de aula e saberem mais do que a professora.

O problema é, depois de revelar este post, eu vou conseguir casar? hauhauhauhau

Raphael se despede aqui, após um breve surto.

Abraços!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Aparecendo ocasionalmente!

Olá pessoal!


Hoje... finalmente, depois de ter passado um monte de apresentações no laboratório, e sofridas... deu um tempo e vontade de escrever aqui. 


Ah! Novidade em primeira mão, OBAMA ganhou o prêmio Nobel da Paz, há 60 minutos! Parabéns pra ele! A razão foi que ele tem se esforçado muito pela diplomacia internacional e pelo desarmamento nuclear. Acho um grande exemplo. O prêmio é um voto de confiança nas atitudes dele, principalmente nas atitudes em relação à paz no Oriente Médio. O dia de hoje vai ficar na história. E o presidente Obama é um exemplo de homem jovem, que já tem sido muito importante para o mundo. Finalmente os EUA parece terem escolhido um cara decente para ser seu representante. 


Em tempo: tô me entupindo de chocolate Milka com avelãs, de uma barra de 400 gramas comprada no aeroporto de Dubai. Obrigado, Kaoru, por trazer minha encomenda!


Depois eu reclamo que fico gordo... e não sei por quê.


O Japão tá me deixando louco. Mas então não vamos falar do Japão hoje. Podem rir, mas eu li o último livro da Danuza Leão, "Fazendo as malas", em três dias indo e voltando de metrô da faculdade. Posso lhes dizer que o livro é um festival de absurdos para a realidade de qualquer brasileiro classe média, mas você fica com fome - e muita - ao ler o livro. Resumidamente, ela descreve suas viagens para Sevilha, Lisboa, Paris e Roma. Principalmente Paris ela descreve com tanto carinho, que você se sente viajando na companhia dela, e comendo com ela nos diversos cafés, bares, bistrôs e restaurantes mais luxuosos. E também passando nas milhões de lojas de grife que ela descreve no livro como se fosse loja de 1,99.


Portugal, meu Deus do céu, ela fala tanto dos restaurantes que eu tive que mudar a posição de Portugal no meu ranking de circuitos gastronômicos no futuro, quando eu for rico (Peru é o primeiro país desse ranking). Portugal está em segundo lugar, e Espanha em terceiro (já aproveitando a viagem, por que não conhecer toda a Península Ibérica?)...


Falando em Espanha, quanto a Sevilha ela descreve muito a festa chamada Feria, e também os deliciosos tapas, e os costumes espanhóis de almoçar e jantar tarde. E em Roma, ela descreve a bagunça que a cidade é, e as características escalfobéticas dos romanos (que por sinal não se chamam de italianos, e sim de romanos mesmo).


Vale a pena ler o livro da Danuza se você for para alguma dessas cidades. Mesmo que você não vá em todos os lugares indicados, vale a pena escolher um ou dois para conhecer e tornar refeições parte de seus lembranças inesquecíveis. Existe uma lista bem legal com os nomes e endereços dos lugares citados no final do livro.


Agora minha segunda leitura de metrô está sendo "O Médico Doente", do Dráuzio Varella. Eu adoro a forma como o Dráuzio trabalha com as palavras. Ele conta nesse livro toda a história e seus aprendizados de quando recentemente teve sua febre amarela depois de uma viagem à Amazônia. Ele, como médico, pôde viver intensamente a situação de paciente, e até chegar perto da morte, o que, perdoem-me, é um baita privilégio e uma baita realização profissional, não? Poder enxergar os dois lados da moeda tornou-o, creio, um médico muito próximo do médico completo. E o "Estação Carandiru", ainda que mais antigo, está me esperando na prateleira para quando acabar esse livro!


Bem... hoje a conversa foi literária!
Feriadão pela frente, aí no Brasil e aqui no Japão! (12 de outubro = feriado, dia da Ed. Física, se não me engano). Aproveitemos!



Falow!