quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O monumento dos Campos Gerais


Perder algo que a gente gosta é muito dolorido. Nem se fala de entes queridos... mas não sei como considerar um dos monumentos que mais levou minha terrinha, Ponta Grossa, ao conhecimento do mundo, como um ente querido ou como um bem material. Porque o Cocozão era mais que isso. Era cultura, era alegria, era simbolismo.

Nem Robert Langdon poderia descrever o sentimento que o governo de Ponta Grossa e um arquiteto tiveram ao diagramar o Cocozão, ou, como conhecido internacionalmente, o Big Poop, pois o simbolismo que existia naquela obra-prima é indescritível.

Em primeiro lugar... o monumento representava literalmente o que o Prefeito de PG City e os queridos vereadores fizeram com o povo nos últimos anos. Tanto o Péricles, como o Wosgrau, como o Jocelito, todos foram totalmente fiéis ao símbolo da obra ao executar os seus governos. Os vereadores, então, nunca vi tanto esforço em representar o monumento tão perfeitamente com suas atividades diárias, não indo à Câmara, enrolando na aprovação de leis, só se preocupando com seus próprios focinhos e desviando o que quer que pudessem.

Esse objeto foi obrado por um arquiteto que, em uma oportunidade de se vingar da licitação, ou feliz por ganhar dinheiro mesmo não tendo nenhum talento, teve uma diarreia intelectual hors concours. Não havia Imosec que fizesse parar aquele piriri cerebral que originou nosso orgulho.

Eu tive a honra de, em 2005, parar o carro em frente à minha querida Universidade Estadual de Ponta Grossa, e registrar um momento peculiar. A foto chegou a ser publicada no Diário dos Campos (sempre sobra espaço nos jornais de PG para esse tipo de honras), e mostrava um cavalo na beira do meio-fio, comendo um pedaço de melancia que fora abandonado na rua, e ao fundo lá estava o colosso, na porta do templo do saber (como diria minha amiga Larissa Biernatski). Perfeita representação dos Campos Gerais. A involução representada na melancia abandonada (enquanto milhões morrem de fome) - o bucolismo representado pelo cavalo (mantido pelo tradicionalismo de sobrenomes em PG) - as obras do governo representadas pela necessidade fisiológica sólida suspensa - e finalmente, o templo do saber, de onde saíram muitos obreiros que obram em prol de nosso País. Não é a foto mostrada, mas em breve a porei.

Finalmente, em fevereiro de 2009, após trazer muita alegria às pessoas aparecendo no Casseta e Planeta, em outros programas televisivos e no Youtube, nas fotos de centenas de álbuns de formaturas e no Panoramio do Wikipedia, o Cocozão partiu. Ele cumpriu sua missão! Cumpriu muito bem! Divertiu o mundo, representou o que devia, foi aclamado, odiado, como toda grande personalidade que faz diferença no mundo. Gandhi, Martin Luther King, Inri Cristo e Dr. Enéas também tinham seus inimigos! 

Mas o Big Poop venceu. Como um herói, sem poder se defender, ele foi queimado pelos nossos pecados. Ou melhor, o pecado dos bombeiros que tocaram fogo nele (eu tenho certeza que foi propositalmente), quando tentavam retirar as colmeias de vespas que graciosamente se formaram em seu redor. E foi embora honrado por todos nós que participamos de sua vida.

Vai com Deus, Cocozão! Você marcou uma era.

Sentiremos saudades.


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