segunda-feira, 13 de abril de 2009

De volta ao Japão

Olá, pessoal! De volta ao Japão, quase um mês de folga depois, retorno aos meus posts. Desta vez vou contar um dos aspectos da historinha de como foi meu retorno do Brasil ao Japão: a terrível amigdalite a que fui acometido - amigdalite com G mudo sim, pois achei um absurdo a nova regra ortográfica cortar as consoantes mudas das nossas palavras lindas.

Três dias antes de vir para o Japão, comecei a sentir um princípio de febre... e pensei "Ih... esse negócio não vai dar certo não". Dito e feito: já de cara, 38 graus de febre e a garganta doendo. Porém, a princípio, pensei que fosse uma de minhas milhões de infecções de garganta que tenho sempre, e um pouco de amoxicilina associada a nimesulida e uma eventual novalgina em momentos de febre me salvaria dessa em três ou quatro dias.

Bem, chegou a viagem para o Japão e eu já estava conformado. Graças a Deus os serviços de bordo da Emirates são bastante bons, a poltrona que eu estava era numa posição confortável e eu podia ir ao banheiro cuspir tantas vezes quantas fossem necessárias sem incomodar ninguém. Cuspir sim, o que me mais faz auto-diagnosticar uma deliciosa amigdalite bacteriana.

Mas mesmo assim, ninguém merece! O suco de laranja descia queimando - afinal, eu era louco de bebê-lo mas eu sentia uma vontade incontrolável! - e eu tinha que parar alguns segundos para curtir a dor. Lembrei-me daquela frase do polaco no "Código da Vinci" - "A dor é boa". Ele realmente era louco.

Segunda-feira, primeiro dia no Japão, fiquei de cama. Mas nem a pau ir para a Universidade! No dia seguinte, após um brado telefônico da minha Mãe, pulei da cama as 5:45 da manhã e fui para o hospital que sabia que era bom: o da Cruz Vermelha de Nagoya. Lá, fiz uma consulta de emergência com um residente, que me fez um monte de perguntas e chegou à conclusão de que eu tinha sabe o quê? Amigdalite. E, após uma cultura, ele concluiu que o antibiótico mais recomendado para meu caso era sabe qual? Amoxicilina.
Conclusão: uma vez ele tendo chegado a esse diagnóstico, e sabendo que eu já vinha tomando tal medicamento, recomendou-me que aguardasse o início das consultas e consultasse um otorrinolaringologista. Foi jogado fora o dinheiro dessa pré-consulta? Bem, não sei, mas mesmo com o seguro de saúde pública, que cobre 70% das despesas, a consulta ficou 28 dólares.

Ao consultar uma especialista, esta me enfiou um tubo pelo nariz e me receitou antibiótico na veia, além de uns remedinhos paliativos para consequências. Tenho voltado lá todos os dias, tomei 4 dias seguidos de antibiótico na veia e o médico da vez me olha a garganta acompanhando o prontuário. Estou com os braços roxos, mas salvo, e então Raphael voltou à tona. Ainda, sexta-feira, retorno lá para ver se a íngua que se formou no meu pescoço sumiu por completo. Até agora, ela só está diminuindo.

Bem, pensei que essa seria a introdução da minha historinha, mas como eu sempre escrevo demais, já estou no fim, quase. A conclusão, que teria sido um desenvolvimento se eu tivesse sido mais sucinto, é contar um pouco o que eu observei do sistema de saúde japonês.

- Interessante que os postos de atendimento, dentro de uma especialidade, são 1, 2, 3, e 5, já que o número 4 significa morte, então um hospital seria o lugar menos adequado para tal sacrilégio. Mas nesse hospital que eu fui o 4º andar existe!

- A saúde japonesa, assim como o ensino universitário público, é paga, mesmo com a carteirinha do "SUS" deles. A diferença é que aqui funciona. Eu posso escolher uma gama enorme de hospitais, e eles me atendem como se eu fosse qualquer cliente, a princípio. Eu pago 30% das despesas no caso de consultas e medicamentos, mas não sei como funciona em emergências, internações e cirurgias.

- Os remédios de verdade não têm para vender nas farmácias. As farmácias que você encontra na rua têm toda a linha de perfumaria, cosméticos e cuidados pessoais. Tem alguns chás especiais, alguns remedinhos naturais para emagrecer, camisinhas e alguns pseudo-medicamentos que você pode tomar sem prescrição médica. Mas os fármacos, aqueles com nomes lindos mesmo, inclusive as pílulas anticoncepcionais, só no hospital após a prescrição médica e após o pagamento. E na quantidade certa que você vai usar.

- Diz que quando você vai visitar um doente, é interessante que leve frutas. É o presente mais legal nesse caso! Mas também pode levar flores, desde que não estejam no vaso, o que significa que vai "enraizar" a doença, ou algo assim.

Essas são as observações preliminares de um ambiente hospitalar. Espero não ter oportunidades de ter informações mais detalhadas! É uma lacuna que quero manter não-preenchida no meu blog e na minha vida, pois ficar doente fora de casa é muito ruim.

É isso, pessoal! Abraços.

Um comentário:

  1. Oi...Raphael, meu filho lindo...veja só, de tanto ficar pesquisando sobre a linda cidade que vc mora aí no Japão, acabei achando o que vc escreveu hehehe, legal mesmo, vc não perde tempo hem? Gosto muito de ficar procurando as coisas que não conheço, principalmente quando diz respeito aos meus queridos da família...ok?Tenho procurado ficar bem informada sobre a cidade de Nagóya, uma bela cidade, com belos pontos turísticos e sistema organizado! Fiquei muito feliz por vc ter sido muito bem assistido pelos médicos do Hospital da Cruz vermelha com um tratamento eficaz sobre a infecção de garganta (amidalite).Embora sendo que na primeira consulta vc não obteve um resultado positivo...mas em seguida foi muito bem assistido pelos médicos com um tratamento eficaz o qual veio solucionar o problema da infecção , fazendo com isso vc voltar a sua rotina universitária sem mais preocupações pra vc tanto pra n´s que estamos nesta distãncia.Bom estudo de mestrado e continue se cuidando ! Bjs! Sua mãe: Aparecida Cleide.

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