quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Sistemática

Todos os dias eu deparo com várias situações aqui no Japão que jamais aconteceriam aí no Brasil em um ambiente normal. Muitas dessas historinhas têm um sentido positivo, muitas outras um sentido negativo, e todas giram em torno de um aspecto: ser sistemático.

Ser sistemático é uma característica do oriental. Ao meu ver, é simplesmente, como já citado, um aspecto cultural. Eu acredito que pelo japonês ser sistemático é que a educação aqui é muito boa, é que as construções ficam na sua maioria prontas na data estipulada lá no início do projeto, é que os estudantes orientais papam as vagas de medicina e engenharia das grandes universidades do Brasil, entre diversas outras coisas ótimas. Por outro lado, e em uma análise antropológico-psicológico-sociologicamente barata de um leigo absoluto como eu, o oriental muitas vezes é burro por ser sistemático. Ele muitas vezes não enxerga o que está ao seu lado, porque, bitolado, só olha para a frente. Todavia, isso é muito diferente da ignorância de alguns americanos sobre o mundo fora dos Estados Unidos. Nesse caso, eles se bitolam propositalmente, com a ideia de que os EUA são a razão de viver do mundo, do universo. 

Uma de várias historinhas. Estudo na Universidade de Nagoya. A biblioteca central da Universidade de Nagoya é muito respeitável. Tem um acervo fantástico, uma equipe responsável por livros raros, um grande acervo de jornais e de revistas científicas, uma grande sala de computadores e transmissão via satélite de canais do mundo todo. Como toda grande universidade que se preza, a Universidade da Nagoya faz jus à sua posição também nesse aspecto arquivológico. A biblioteca funciona maravilhosamente bem. Além disso, cada departamento da universidade posssui uma biblioteca mais detalhada de sua área, além do acervo da biblioteca central. O funcionamento é realmente invejável.

Na biblioteca central, existem algumas salas de leitura, ou salas de estudo. Essas salas podem ser individuais ou de grupos. Seja como for, tem que ser feita a solicitação da chave no balcão de informações. Esses dias, eu e uma amiga íamos nos reunir com mais um amigo para estudar e ela resolveu solicitar uma dessas salas. Como eram 3 pessoas, a atendente falou que não poderia ser usada a sala para duas pessoas (que tem espaço de sobra), apenas a sala maior. Tudo bem! Vamos para a sala maior. Quando chegamos a ela, era uma sala de reunião! Espaço para 8 pessoas, um quadro branco, um puro exagero e desperdício de espaço naquele caso! 

Voltamos ao balcão de informações e combinamos que iam ser oficialmente duas pessoas, para pegar a sala de duas pessoas. Depois um entrava na sala extraoficialmente. Um simples e suave jeitinho brasileiro! Mas, mais um impedimento. A sala era só para alunos pós-graduandos, e não para alunos pesquisadores da pós-graduação. Ora, que diferença faz????

Resultado: desistimos.

Para quê, tanta frescura? Esse tipo de sistemática é totalmente desnecessário. Poderiam entrar 3 alunos numa sala oficialmente de 2... poderiam entrar alunos pesquisadores da pós-graduação em vez de pós-graduandos. É tudo mera bobagem! A mim me sobe o sangue, como eu digo. 

E é um pequeno exemplo de milhões de consequências negativas que ser sistemático, e não ser brasileiro, também traz.

3 comentários:

  1. Oii Rapha! Tá com blog tipo a Dani Rocha? hehe

    Tdo de bão pra vc! ;)

    bjao
    Ariane

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  2. oi raphael!!achei seu blog quando estava procurando alguma coisa sobre a faculdade de nagoya..queria informacoes sobre a faculdade...se puder me ajudar me add no msn.Estou pensando em entrar nessa faculdade.
    meu email e rafaelsukeda@hotmail.com
    estou aguardando..se puder me ajudar te agradeco bastante!!!obrigado..

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